| 09/12/2005 15h17min
Os agricultores da União Européia, pertencentes ao Comitê das Organizações Profissionais Agrárias (Copa) e à Confederação Geral das Cooperativas Agrárias (Cogeca), temem que a liberalização negociada pelos 149 membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) beneficie à agricultura do Brasil e dos Estados Unidos, prejudicando os países mais necessitados.
O presidente do Copa, Rudolf Schwarzbock, e o da Cogeca, Eduardo Baamonde, declararam em entrevista coletiva que na reunião da OMC que será realizada de 13 a 18 de dezembro em Hong Kong "deve haver uma distinção entre países em desenvolvimento e os mais pobres". Os representantes de agricultores ressaltaram que a UE já ofereceu muito e que cabe a outros membros fazerem concessões no setor de bens industriais e serviços.
O Copa e a Cogeca avaliaram que para seja negociada a liberalização comercial é necessário levar em conta outros aspectos, fora da redução de tarifas agrícolas.
– Basta ver as posições apresentadas na OMC para perceber que a grande maioria não deseja que as preocupações maiores sejam substituídas por meras ponderações comerciais – disseram os responsáveis pelas duas entidades.
– Infelizmente as negociações foram dominadas pela voz dos EUA e do Brasil, cuja única preocupação foi, na prática, aumentar suas exportações – afirmaram os representantes dos agricultores, que ressaltaram que o Brasil é um dos exportadores de produtos agrícolas mais competitivos do mundo.
– Apesar de existirem pequenos agricultores no limite da pobreza, suas exportações (do Brasil) provêm de grandes latifúndios que exploram os gastos reduzidos e a falta de controle sobre os danos ao meio ambiente – argumentaram.
Os agricultores criticam que no projeto de declaração de Hong Kong apenas se mencione a proteção das denominações de origem. Os chefes do Copa e da Cogeca avaliam que na OMC "a único avanço que ganham os países mais necessitados é a fim das preferências que já têm nos mercados e uma maior pressão para que abram os seus". A associação Freshfel, que reúne comerciantes de frutas e hortaliças na UE, advertiu aos negociadores comunitários que "qualquer acordo focado só em tarifas alfandegárias será uma sentença de morte" para os exportadores europeus.
Freshfel manifestou, em carta ao comissário europeu de Comércio, Peter Mandelson, e à comissária de Agricultura, Mariann Fischer Boel, sua "decepção", porque nas negociações da OMC não estão sendo abordadas as "barreiras sanitárias e fitossanitárias".
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