| 11/12/2009 19h44min
Em mais um caso da série Eu Sou Fanático, é a vez do gremista Elemar da Silva Resch, de Santa Maria (RS), contar sobre seu fanatismo. Ele explica porque se considera o Torcedor Número 1 do Grêmio, em uma história cheia de coincidências.
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• Confira o relato do Elemar:
O Gremista Número 1
Desde que me conheço por gente sou Gremista. Herança do meu finado pai, que além do nome estranho (Elemar) me deixou o amor pelo futebol e, conseqüentemente, pelo Tricolor. Na realidade, cresci me considerando apenas um torcedor fanático, daqueles doentes, que as pessoas chegam a fugir pra não ouvir as piadinhas ou os infinitos argumentos. Mas sempre fui só isso, fanático e deu. Nunca achei
que poderia me considerar o Gremista Número 1, nem perto disso, até
porque na minha frente existiria sempre o Koff, o Cacalo, o Santana, e talvez mais alguns (não muitos). Mas o mundo, juntamente com os oráculos do futebol, tratou de colocar essa certeza (loucura?) na minha cabeça.
A história começou por meados de 2005, quando me formei em Fisioterapia na Universidade Federal de Santa Maria, e o nosso glorioso estava na segunda divisão. Era uma época turbulenta, cheia de incertezas. Não estava com a mínima vontade de exercer a profissão, tinha perdido totalmente a excitação na Fisio, e ainda por cima o meu time estava no buraco. As coisas precisavam mudar, não dava pra ficar daquele jeito, ou tomava uma atitude ou procurava um psiquiatra. Desta forma, resolvi prestar vestibular novamente, para Medicina, justamente o curso mais difícil da bendita Universidade Federal de Santa Maria. Parecia quase impossível. Estudar quatro meses, relembrar toda aquela avalanche de conteúdo do segundo grau e passar no vestibular, realmente muito difícil. Tão difícil quanto
ganhar o
campeonato da segunda divisão e voltar à elite, afundado em dívidas, com um time, sendo bem generoso, mediano.
Num dia então, logo depois de tomar as decisões que precisavam ser tomadas, afundado na penumbra do quarto, um pouco desempregado, um pouco estudante e muito desesperado tive aquele pensamento, que só uma pessoa nas vésperas da insanidade poderia ter:
— SE O GRÊMIO SUBIR, EU PASSO".
E a partir desse dia passei a acompanhar a trajetória do Grêmio mais do que como um simples torcedor fanático, a Segundona decidiria também a minha vida!
Realmente o caminho foi parecido, cheio de altos e baixos. O Grêmio com vergonha da segunda divisão e eu com vergonha de voltar ao "cursinho". O Grêmio vendo o Inter disputar o título da série A, e eu vendo meus amigos arranjando emprego e salários muito melhores que a minha mesadinha. O Grêmio mendigando pra contratar e eu pegando grana emprestada com o Mauricião (um amigo aí) pra pagar o
pré-vestibular. A coisa não tava fácil, pra
nenhum dos dois, assim como não foi fácil o caminho. Fui estudando, o Grêmio jogando(?), o tempo passando até que chegou um dos dias da verdade: 26 de novembro de 2005.
Naquele dia, acompanhei o jogo como um pai que espera o parto da esposa (acho, não tenho filhos). Na hora do pênalti do Náutico, eu só tinha dois pensamentos:
— O Grêmio vai acabar; Eu não vou passar no vestibular.
Coisa de louco, eu sei, mas sei lá, era num louco mesmo que eu estava me tornando e era só nisso que eu pensava. Eis que o INACREDITÁVEL aconteceu, o inesquecível Gallatto pegou o pênalti e o iluminado Anderson fez aquele gol sacramentando a vitória, nos dando o título e colocando o Tricolor de volta na primeira divisão. Foi um sentimento que jamais voltarei a sentir, afinal, Meu Deus, o Grêmio ganhou com sete homens em campo, fora de casa, com dois pênaltis contra, realizando a maior façanha da história do futebol, e eu, conseqüentemente, iria passar no vestibular. Era
felicidade demais, tomei um baita
trago. Pois bem, só faltava fazer o vestibular. Segui estudando, um pouco mais feliz e confiante.
Do dia 8 a 12 de janeiro de 2006 prestei vestibular no campus da UFSM. O nervosismo a mil, tanto quanto no dia 26 de novembro de 2005, mas dentro de mim tinha aquela certeza:
— O Grêmio tinha conseguido, eu também iria conseguir.
Depois de quatro dias de sufoco, fiz 113 acertos, e o ponto de corte era 108. Agora era esperar e rezar esperando o listão, como quem esperou o Ademar bater a penalidade.
No dia 20 de janeiro saiu a lista dos aprovados na qual constava o meu nome encabeçando a segunda turma do curso de Medicina, e aí começou a se concretizar a certeza do que já falei no início desse texto, de que sou o Gremista Número 1, (e talvez o mais imbecil por prestar a atenção nessas bobagens). Enquanto o Grêmio foi o primeiro da segunda divisão, eu fui o primeiro colocado da segunda turma. O Grêmio subiu para a primeira divisão, e
eu fui chamado para a primeira turma (ainda
insisto que "me classifiquei"). Coincidência demais, os dois, juntos, primeiros da segunda, subindo pra primeira. Mas não parou por aí.
No primeiro dia de aula, notei que a minha turma era a turma de Medicina número 83, ano de nossas maiores glórias. Algum tempo mais tarde, o mais impressionante (!), notei que o número da minha matrícula na universidade era 2611057. Meu Deus, a data da batalha dos aflitos: "26/11/05", o dia que o Grêmio ganhou com "7" homens em campo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Coincidência ou loucura maior eu nunca tinha visto!!!!!!!!
Por um tempo me questionei se isso era realmente alguma mensagem dos oráculos do futebol, ou se eu apenas era mais um que sofria de transtorno obsessivo compulsivo (TOC), mas depois de muito refletir fiquei com a primeira opção, e tratei de me considerar o maior Gremista do mundo.
Poderia até ser uma grande Injúria, mas com tudo que aconteceu, que me perdoe toda a nação Gremista, mas apenas uma
conclusão pode ser tomada: o maior tricolor
se chama Elemar da Silva Resch que é Fisioterapeuta e cursa Medicina na Universidade Federal de Santa Maria, acompanha o Grêmio em todos os jogos, mesmo quando tem prova boca braba, e vai ao Olímpico Monumental sempre que o dinheiro permite, afinal, por conta de toda essa história, ainda trata-se de ume estudante pelado.
Espero que goste da historinha. Sem mais loucura por enquanto, vou me despedindo.
Grande Abraço
Elemar da Silva Resch
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