| 19/11/2009 14h30min
É inacreditável que algo assim continue acontecendo no futebol diante do silêncio criminoso da Fifa. Ontem, na repescagem para a Copa do Mundo da África do Sul, a França perdia por 1 a 0 para a Irlanda na prorrogação quando Thierry Henry dominou a bola com a mão. Só assim foi possível o cruzamento para Gallas marcar o gol de empate.
A imagem da TV é claríssima. O francês praticamente agarra a bola. Os jogadores viram, quem estava no estádio viu, o mundo inteiro viu pela TV.
E o que aconteceu? Nada. Absolutamente nada. A França está na Copa graças a uma mentira incontestável. A Irlanda está eliminada graças a maior injustiça da historia do futebol.
Para quem gosta de futebol limpo, um episódio assim deveria ser o estopim de uma revolução. Pacífica, é claro, mas uma revolução. Minutos
de silêncio se espalhando por todos os estádios do planeta. Os jogadores
usando tarja preta. Faixas de protestos dos torcedores nas arquibancadas. E mais o que a imaginação conceder. A França não pode disputar o Mundial nestes termos.
Não é nada contra a França. Não que isso seja importante, mas o Olivier aí no sobrenome do autor desta coluna me isenta de eventuais acusações de xenofobia. Minha bronca é com a ranzinzice do futebol em aceitar a televisão como recurso para impedir assassinatos ao bom senso como o de ontem, em Paris.
Os tradicionalistas insistem em dizer que o mágico do futebol é a discussão sobre a arbitragem, os erros para os dois lados, a eterna subjetividade de cada lance. Bobagem. Magia é o drible, o elástico, o lançamento preciso, a bicicleta, o golaço de fora da área.
Como pode um esporte que movimenta milhões e milhões de euros, com jogos transmitidos ao vivo para centenas de lares em todos os continentes encarar com normalidade a eternização de uma
mentira como o gol que classificou a França para a Copa da
África?
Se um lance como o de ontem não for suficiente para a Fifa normatizar o uso da recurso da TV em auxílio aos árbitros, nunca mais. Não existe magia melhor do que a verdade.
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