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 | 30/05/2008 06h09min

Ruy Carlos Ostermann: Façanha e Boca

O Fluminense do Renato Gaúcho cumpriu uma proeza grande no estádio do Racing de nome antigo e reverencial, Presidente Perón. Verdade que o Atlas conseguiu o mesmo empate e depois cedeu a uma goleada na Cidade do México, bem a ordem dos jogos do Fluminense.

Mas há muitos elementos (foi o jogo que vi na TV, não havia infelizmente como ver dois) que não me pareceram iguais aos da façanha mexicana: a segurança defensiva, o trabalho firme e altivo de Thiago Silva e sobretudo de Luiz Alberto, grande nome do jogo e da marcação, a mobilidade intensa do meio-campo e até mesmo Arouca, sem o físico para o papel, tirando a frente de Riquelme, o que conseguiu muitas vezes por sua aplicação. Não houve atacante no time de Renato, Washington conseguiu um arremate, de voleio, Dodô entrou depois no seu lugar para acentuar o toque de bola e as aproximações. Foi meio Fluminense por força do Boca, sempre empolgado e em cima. Se o Fluminense, que joga com seus reservas nesse domingo um Fla-Flu melancólico pela contramão do interesse do torcedor, for capaz de tomar a iniciativa na próxima quarta-feira e jogar com maior equilíbrio, isso é, ainda se defendendo, mas também atacando, tem chance. A resposta invariável do Boca é que preocupa. Vai ser assim outra vez?

Fórmula e times
O formulismo é que autoriza a grande final da Copa do Brasil entre Corinthians e Sport, vencedores nos pênaltis, mas autores de campanhas fortalecidas com resultados muito satisfatórios. O Sport é uma reafirmação da antiga e respeitada tradição do futebol de Pernambuco com seus heróis da hora: o goleiro Magrão, o zagueiro Durval, o lateral Dutra e o líder do grupo, o baixinho descarado Carlinhos Bala, autor do último pênalti da classificação. E o técnico Nelsinho Baptista, que estava mesmo a merecer uma reconsideração nacional.

Mano Menezes atinge sua primeira afirmação além dos limites da grande torcida da Fiel: fez o escore de equivalência com o Botafogo, ganhou nos pênaltis e jogou com time misto pelo impedimento de muitos titulares. Revelou-se aí o ponto do grupo e a mão firme do técnico. Poderá ser campeão do Brasil, esse é o título que a Copa confere, antes de sair da Segunda Divisão, o maior título da temporada por certo.

Não deixa de ser saudável nas circunstância da decisão da Copa do Brasil esse desaforamento, Recife e, enfim, o time rebaixado em 2007, que não deixa de ser São Paulo, mas em outros termos. As grandes lideranças proclamadas foram desclassificadas.

Demissões
A demissão de Cuca na noite da desclassificação na Copa do Brasil para o Corinthians é quase da mesma natureza da demissão de Emerson Leão no Santos: ambos desistiram e passam seus times e seus jogadores adiante. Faltou-lhes títulos, essa é uma das poucas garantias dos técnicos. Há clubes sem técnico e ainda os clubes que vão acabar tendo de administrar situações parecidas. O Brasileirão mal começou, faltam resultados, à exceção do Cruzeiro, são apenas 10 rodadas, vão sair muitos jogadores para a Europa em agosto, alguns voltarão, há muitos resmungos e uma reivindicação tácita nos jornas, rádios e TVs por mudanças - uma síntese da notícia de interesse combinada com flagrantes desejos controlados.

Gadotti
Esta tarde, 18h, no Centro Municipal em Santa Maria, no Fórum Mundial da Educação que lá se desdobra, será o primeiro Encontros com o Professor itinerante, o primeiro de uma série. Vou entrevistar o mestre Moacir Gadotti, professor titular da Faculdade de Educação da USP e atual diretor do Instituto Paulo Freire, autor de livros decisivos sobre sala de aula e construção do pensamento. É uma das personalidades do Fórum, assunto é que não vai faltar. Renato Mirallin, cantor e compositor, fará a canja. É homenagem a Santa Maria.

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