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 | 02/04/2008 06h34min

Videogame e TV ajudam Ramon a superar hepatite

Depois de Maycon, contaminação de Ramon é confirmada

Guilherme Fister e Leandro Behs

O Inter confirmou ontem a contaminação por hepatite tipo A também de Ramon. Até sexta-feira, Renan, Edinho e Muriel também terão o diagnóstico da doença confirmado. Todos apresentam o mesmo quadro de inflamação no fígado, dores abdominais, febre e náuseas.

O caso de Maycon, o primeiro a ser detectado, foi o mais grave. O volante está internado no Hospital Mãe de Deus desde sábado e poderá receber alta no fim de semana. O período de recuperação dos jogadores segue mantido de três a quatro semanas.

— Renan, Edinho e Muriel apresentam o mesmo quadro de Maycon e Ramon. As chances de que todos sejam confirmados com hepatite A é muito grande. A única diferença é que o Maycon foi quem mais sentiu os sintomas e precisou de internação. Os demais seguirão o tratamento em casa — revelou o infectologista Fabiano Ramos, que cuida dos jogadores.

 



Ramon recebeu a confirmação da doença ontem à tarde, em seu apartamento, no Menino Deus. Jogava futebol no videogame, numa renhida partida do Milan, do amigo Alexandre Pato, quando atendeu o telefonema do diretor médico do Inter, Paulo Rabelo. O lateral-esquerdo já esperava pela confirmação e mostrou-se resignado:

— Fazer o quê? Agora, é tratar a doença. Vinha recebendo boas chances do Abel, mas acho que não era para seguir jogando o Gauchão.

Os primeiros sintomas da doença vieram através de dores no corpo, sentidas depois da vitória sobre o Veranópolis, no dia 23. Ramon dormiu mal à noite, emendou três dias com febre e temeu por dengue. Telefonou para a mãe, dona Margarete, em Vitória, no Espírito Santo, e pediu que viesse passar alguns dias em Porto Alegre. Como a mãe precisou voltar para casa, coube à namorada, Danielle, fazer as vezes de enfermeira.

Muriel evita carinhos na filha de dois anos e sete meses

Como a febre cedeu, Ramon conseguiu jogar contra o Inter-SM no dia 26. Fez gol, teve boa atuação, mas acordou se sentindo debilitado - a hepatite exige repouso.

 



— Clinicamente estou bem, mas sei que preciso cumprir esse período de repouso. Tenho até fome, coisa que os outros não sentem. Venho conversando por MSN com o (goleiro) Muriel. Acho que ele está pior que eu. Meus dias só não têm sido de tédio completo porque passo as tardes jogando videogame e assistindo à TV — contou Ramon.

No caso de Muriel, o que incomoda ainda é a sensação de inchaço no abdome. Quando deita de bruços, sente dores. A febre que o abateu na quinta-feira e na sexta-feira ficou para trás. Os únicos problemas agora passam a ser o intenso cansaço e, principalmente, as limitações. Muriel passa o dia deitado. O máximo que faz é comprar comida no minimercado perto de casa.

O goleiro divide o apartamento no bairro Menino Deus com a mulher, Elisângela, a filha Maria Eduarda, de dois anos e sete meses, e o irmão mais novo, Alisson, 15 anos, promovido a terceiro goleiro do Inter com o seu afastamento e o de Renan. Não partilha mais copos, talheres ou toalhas com a família. Passou a usar até um banheiro separado na casa para evitar a contaminação. Para um pai coruja, o mais complicado é não poder mimar a filha.

— Eu dou mil beijos nela por dia. Quando estou tomando refrigerante, ela quer pegar. Ela não entende, e eu preciso negar — revelou ontem, por telefone.

Jefferson Botega / 

Ramon recebeu a confirmação da doença ontem à tarde, em seu apartamento, no Menino Deus
Foto:  Jefferson Botega


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