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 | 10/03/2008 06h43min

Ruy Carlos Ostermann: Festa, calor e bola

Só o calor foi igual, os dois jogos, não. Sábado, no Beira-Rio, ao fim da tarde, 36 °C de temperatura, o Inter também ganhou mas com maior segurança do que o Grêmio, que foi a Novo Hamburgo, ontem, e padeceu com o intenso calor mas quase perdeu o jogo no segundo tempo. Algumas peças (Roger, Julio dos Santos) cansaram, Perea, que fez o gol, machucou-se como já tinha se machucado Soares no início do jogo, Celso Roth precisou trocar Anderson Pico por Hidalgo porque estava desprotegido o lado esquerdo - e sobrecarregado pela redução do ataque e do meio-campo. Na prorrogação, Marcelo salvou um gol quase inevitável, lance de cima, ele caído mas tendo reflexo para usar a perna em cima da linha. O torcedor ficou entusiasmado com a classificação antecipada, com a invencibilidade mantida, mas tem o direito de admitir que o Novo Hamburgo teve muita insistência no segundo tempo.

Termos
O time de Abel Braga está naturalmente mais adiantado, com suas dúvidas quase resolvidas e a idéia de jogo bastante definida. O Brasil, de Pelotas, bem instruído por Lisca, veio para evitar a repetição do Bento Freitas, para defender-se e, se possível, atacar. Uma estratégia correta, embora pudesse ser modesta. O Brasil se defendeu muito mas não conseguiu fazer mais do que isso. O Inter se impôs com a iniciativa contínua de jogo, operou no campo xavante e não abriu um único caminho razoável para contra-ataques. O Brasil teve um chute no primeiro tempo e uma cobrança de falta no segundo como conclusões; uma oportunidade foi desfeita por Guiñazu em lance de alta competitividade, aplaudido pelo estádio todo.

Foi a grande diferença entre os dois jogos. O Inter teve um controle tão eficiente do jogo que naturalmente passou a jogar depois do gol de Magrão em brilhante movimento de Iarley e da expulsão bisonha de Raone, ainda no primeiro tempo, com flagrante contenção. O gol de Gil, no fim, apenas consolidou os termos autoritários da vitória.

Garantia
A dificuldade do Grêmio em boa parte foi o Novo Hamburgo, bem mais time do que o Brasil, e sua insuficiência de meio-campo. Roger e Julio dos Santos são jogadores de boa técnica mas pequena movimentação e pouco participativos na tarefa da marcação e bloqueio. Grande parte da insistência com bola dominada e troca de passes que o time de Novo Hamburgo impôs no segundo tempo tem essas duas explicações: a boa qualidade técnica do adversário e sua consentida liberdade para exercitá-la. Celso Roth está tentando e não há como criticá-lo por isso. Roger e Julio dos Santos talvez não possam mesmo ficar fora do time mas o arranjo para isso ainda precisa avançar taticamente. Substituições não parecem disponíveis mas arranjos podem ser feitos. E sempre há de se considerar que o direito de jogar menos é uma das mais antigas garantias do futebol. Mas talvez não tenha sido só o adversário e o calor.

Festa
Uma combinação de entusiasmo, identificação e desafio, mais as comemorações do Dia da Mulher bem valorizadas pelo marketing do Inter, praticamente lotaram o Beira-Rio. E foi um estádio civilizado pela presença de 11 mil torcedores, seu filhos, maridos, namorados e parentes próximos, a tal ponto que o Lucianinho Périco, que abre o microfone para os torcedores, ficou surpreso: o que estava acontecendo que a torcida parecia quieta? Era respeito e consideração, tenho certeza.

Foi o maior público de Gauchão, excetuados os Gre-Nais, quase 50 mil torcedores, tirante as mulheres, todos pagaram ingresso. E o time no campo, dominador e vitorioso, fechou os termos de uma festa.

 
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