| 07/11/2005 08h52min
Antonio Palocci viajou várias vezes no jatinho do empresário José Roberto Colnaghi, dono de outro avião que teria sido usado para transportar dólares recebidos de Cuba para a campanha eleitoral do PT em 2002. Uma das caronas do ministro da Fazenda ocorreu em 2 de maio de 2004, após visita à Agrishow, feira de agronegócios em Ribeirão Preto (SP).
Empresários que receberam Palocci na cidade lembram que o ministro circulou com Colnaghi numa recepção em um hotel às margens da Rodovia Anhangüera. Ao ser questionado pelo jornal Folha de S.Paulo sobre a carona, Colnaghi não negou a informação. Por meio de sua assessoria, disse que não tinha "nada a declarar". A assessoria do ministro da Fazenda foi procurada, mas não se manifestou.
Após a feira, o jatinho Citation, prefixo PT-XAC, saiu de Ribeirão Preto, fez escala em São Paulo e rumou para Brasília. Três testemunhas viram Palocci embarcar no jatinho e confirmaram a história. O Citation de Colnaghi também transportou a família de Palocci a Brasília para a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em 2003, assessores do ministro abasteceram a avião com frutas e salgadinhos e perguntaram até se tinha aparelho de microondas para esquentar a comida. Não tinha. O ministro costumava viajar sozinho e sem bagagem. Ficava calado a maior parte do tempo. Quando falava, o mais comum era pedir permissão para fumar. Recebia um "não" como resposta.
Em 2003, Palocci saiu de Brasília, voou para Ribeirão Preto e voltou para Brasília no mesmo dia. Durante a campanha de 2002, Palocci era um usuário ainda mais freqüente, a ponto de Colnaghi deixar o avião no aeroporto de Ribeirão, no hangar da Power Helicópteros. Em uma das viagens à época da campanha, o jatinho foi usado para buscar Palocci e o deputado federal José Dirceu, então presidente do PT, no Rio. Colnaghi tem dois aviões: o Seneca (prefixo PT-RSX), que teria sido usado para transportar os dólares de Brasília para São Paulo, e o Citation.
Na semana passada, Colnaghi teria telefonado a Palocci para consultá-lo sobre como reagir ao assédio dos jornalistas após a denúncia de transporte de dólares de Cuba para a campanha de Lula. Ele e o irmão, Francisco Carlos Jorge Colnaghi, são integrantes da que já foi chamada de "república de Ribeirão Preto" - apelido do grupo que orbita em torno de Palocci depois que ele foi designado ministro da Fazenda.
O grupo tinha tanta expectativa que a proximidade com Palocci renderia bons negócios que alugou uma casa em Brasília para realizar reuniões e churrascos. O economista Vladimir Poleto, que trabalhou para Palocci em sua segunda passagem pela prefeitura de Ribeirão Preto (2001-2002), foi quem cuidou do aluguel da casa. Adiantou R$ 60 mil, entregues em pacotes de notas, por seis meses de aluguel.
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