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 | 08/03/2005 14h57min

Governador do Paraná pede a Lula que vete lei sobre transgênicos

Roberto Requião enviou carta ao presidente

O governador Roberto Requião enviou nesta segunda, dia 7, uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva em que faz um apelo para que não sancione os artigos da Lei de Biossegurança que tratam dos produtos geneticamente modificados. Na correspondência o governador lembra a sua postura contra os transgênicos e o pleito que tem feito para que o Paraná se torne área livre.

Confira a íntegra da carta:

“Caro Presidente Lula

Minha posição sobre os transgênicos, especialmente sobre a soja OGM (organismo geneticamente modificado), é conhecida do companheiro. Tive oportunidade de externá-la diversas vezes. Assim como, por diversas vezes, insisti para que o Estado do Paraná fosse declarado “Área livre de transgênicos”.

Agora, com a aprovação da Lei de Biossegurança, renovo meu apelo: Senhor Presidente, vete os artigos da Lei que tratam dos produtos geneticamente modificados. É uma última oportunidade que temos para livrar o nosso país da estratégia de dominação empreendida por algumas poucas empresas multinacionais que monopolizam a produção de sementes OGM.

A permissão do plantio e comercialização de produtos transgênicos escancara as nossas portas para que essas empresas entrem sem restrição em nosso país e dominem completamente os nossos agricultores. Teremos então a regressão aos tempos medievais, com os agricultores pagando para trabalhar em sua própria terra.

Os royalties que essas empresas cobram estabelecem a mesma relação de dependência do servo da gleba em relação ao dono do castelo.

Além disso, Senhor Presidente, avançam pelo mundo todo restrições aos alimentos processados com produtos transgênicos. Ainda agora, os 47 maiores fabricantes e distribuidores de produtos alimentícios da Europa baniram os produtos que contenham transgênicos. A China, cada vez mais, o grande importador da soja brasileira, também impõe restrições aos grãos OGM.

Enfim, não existe rejeição em nenhuma parte à soja convencional e orgânica. Temos consumidores garantidos em todos os continentes. Pelo contrário, insisto com as estatísticas em mãos, é cada vez mais forte a reação aos OGMs.

As exportações norte-americans de soja já tiveram uma queda superior a 40%, porque o mundo todo está rejeitando a soja transgênica. Por que então nós vamos plantar soja transgênica?

Ao mesmo tempo, como os próprios defensores da soja OGM reconhecem, são ilusórios os ganhos para os agricultores que plantam a semente transgênica. Se esses ganhos – vamos conceder – podem ser registrados na primeira ou segunda colheitas, eles evaporam-se nos plantios sequentes, à medida da necessidade do aumento da aplicação do glifosato, por causa da progressiva resistência das plantas daninhas ao veneno.

Além do que, Senhor Presidente, plantando-se soja transgênica, não teremos volta atrás. Os nossos campos estarão para sempre contaminados e os nossos agricultores para sempre dependentes das multinacionais produtoras das sementes OGM. Com tal monopólio, elas vão exercer uma verdadeira ditadura sobre o plantio e a comercialização do produto.

Senhor Presidente, gostaria ainda de ponderar que não existe garantia de que os OGMs não causem danos à saúde do homem e ao meio ambiente.

Companheiro Presidente, dê uma chance ao nosso país e aos nossos agricultores. Impeça esse grave atentado contra a nossa soberania e contra a nossa economia. A contaminação transgênica não tem volta. Logo, liberar os OGMs é uma decisão da mais grave responsabilidade. Acredito que não haja fato, circunstância tão premente, tão urgente, tão decisiva e vital que obrigue a Presidência da República a sancionar imediatamente a Lei da Monsanto.

Contando com sua compreensão,

O amigo de sempre”

Roberto Requião

As informações são do governo do Estado do Paraná.

 

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