| 27/01/2005 08h23min
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva buscou, em reunião na noite dessa quarta, dia 26, com cerca de 80 representantes do Conselho Internacional do Fórum Social Mundial, reforçar a sua ligação com os movimentos sociais, um dia antes de embarcar para Davos, na Suíça. Em meio a críticas e questionamentos, o presidente reiterou a sua origem de ativista social e relatou as dificuldades de implementar mudanças no mundo durante o encontro de mais de duas horas em um hotel na capital gaúcha.
Das quatro perguntas formuladas, as mais duras foram com relação a incompatibilidade de participar do Fórum Econômico Mundial de Davos e do evento em Porto Alegre, além das relacionadas à política comercial agrícola e a reforma agrária.
– Sobre a incompatibilidade dos discursos de Davos e Porto Alegre, (Lula) respondeu que aqui ele discute soluções e lá ele tenta sensibilizar para as questões da fome no mundo – contou o sociólogo Emir Sader, ao término da reunião.
Na pergunta formulada por um representante belga, Lula ouviu que os aplausos recebidos em Davos viriam de algumas pessoas que, se houvesse um tribunal de crimes econômicos, poderiam estar sentadas no banco dos réus.
No encontro fechado, Lula tentou resgatar a sua condição de ex-líder sindical, mas reconheceu que sua posição atual implica outras responsabilidades. Uma representante do movimento campesino latino-americano disse que, apesar de não falar português nem inglês, sempre compreendeu a fala de Lula quando este era líder da oposição e sindical e que, hoje, ela já não entende o que fala o presidente brasileiro.
Lula ressaltou que agora, como presidente, "precisa falar a todos os brasileiros". Apesar das críticas, o presidente se mostrou receptivo e pediu apoio dos movimentos sociais.
– Se não houver aliança dos países e mobilização da sociedade as coisas não acontecem – afirmou ele, segundo relato de Oded Grajew, um dos idealizadores do FSM. – Ele foi visto como uma liderança, uma esperança, um porta-voz dos oprimidos, dos pobres, daqueles que nunca tiveram voz.
Lula também teve que responder a perguntas sobre as negociações mundiais do comércio e a dívida dos países pobres e sobre a democratização da Organização das Nações Unidas (ONU).
O presidente Lula estava acompanhado pelos ministros Tarso Genro (Educação), Dilma Roussef (Minas e Energia), Olívio Dutra (Cidades), Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário), Luiz Dulci (Secretaria-Geral da Presidência), Nilmário Miranda (Direitos Humanos) e Nilcéa Freire (Política para Mulheres), e pelo assessor especial de assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia.
O escritor português José Saramago, Prêmio Nobel de Literatura, participou da primeira hora da reunião, mas deixou o encontro sem fazer comentários.
As informações são da agência Reuters.
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