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 | 30/08/2006 10h42min

Cristovam diz que PT e PSDB perderam vigor transformador

Candidato reitera que quer revolucionar a educação

O candidato do PDT à presidência da República, o senador Cristovam Buarque, criticou o PT e o PSDB, antes consideradas por Cristovam como forças progressistas, afirmando que os partidos perderam o vigor transformador. A declaração foi feita durante entrevista ao Jornal da Globo, ontem à noite.

– O PSDB foi um partido com gente de esquerda. Mas no governo se acomodou. Não trouxe transformação social, que é a educação. Hoje, o que a gente precisa é uma revolução na educação. E o PT também perdeu todo o vigor transformador. Eu converso com gente do PT e eles me dizem “Cristovam, não dá para fazer mais, Cristovam. É isso mesmo. Claro que dá! –, afirmou.

O candidato destacou ainda o principal tema de sua campanha, a revolução na educação, que inclui período integral para alunos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio.

– Em quatro anos, vamos ter mil cidades com horário integral. Nos primeiros anos vamos precisar de R$ 7 bilhões. É 1% do Orçamento. Minha proposta é federalizar a educação básica. Todas as escolas do Brasil terão que ter três padrões mínimos: salário e formação de professor, equipamento e edificações e conteúdo. E uma lei de Responsabilidade Educacional: se o prefeito não cumpre, fica inelegível.

Em relação à falta de segurança com o aumento da violência nos grandes centros, Cristovam pretende, se for eleito, criar um ministério e fazer mudanças no sistema prisional.

– Tem que ter um ministério, com um centro de informações sobre criminalidade. Porque hoje, se um bandido muda de Estado, o governador pensa que ele é um cidadão de bem. Vamos mudar o sistema presidiário. Tem que separar menino que bate carteira de assassino e de outros criminosos. E que o que é mais importante: um programa de incorporação de um milhão de jovens entre 16 e 20 anos num serviço civil-militar. Militar, porque seria cuidado pelas Forças Armadas, e civil, porque seria sem armas.

Cristovam Buarque defendeu a autonomia do Banco Central, mas disse ser contra a reestatização de empresas privatizadas.

– O PDT foi contra a privatização. Mas, hoje, o partido não defende que a Vale do Rio Doce volte a ser estatal. As grandes empresas que temos hoje são Banco do Brasil, Caixa Econômica e Petrobras. Não há razão para privatizá-las. Quanto ao Banco Central, já há uma aceitação de que o BC não pode ficar dependente de políticos, de partidos. Tem que ser um banco republicano, pertencer ao Estado. O que o PDT não aceita é que o Banco Central seja administrado por banqueiros. Aceitamos a autonomia de mandato para o presidente do Banco Central. Tem que ter um mandato, que não coincida com o mandato do presidente da República.

Sobre a reforma trabalhista, o candidato do PDT afirmou que, se for eleito, vai assegurar e aprimorar os direitos trabalhistas.

– O avanço tecnológico hoje garante direito trabalhista para quem está dentro, mas não garante para os milhões de desempregados. Tem que modernizar simplificando a forma de criar empresas, o que integraria pessoas que hoje estão na informalidade. Tem que fazer com que seja pela folha, e não pelo trabalhador, como é hoje, o pagamento dos direitos trabalhistas, o que seria uma grande mudança e liberaria para se contratar mais.

Cristovam não fará mudanças no aumento dos benefícios da Previdência Social, caso seja eleito. – Se o mínimo é o necessário para viver, a gente não pode dizer que os aposentados vão viver com menos. Agora, o que não pode é o mesmo percentual de aumento do mínimo ser usado para quem ganha dois, três, cinco, dez salários mínimos. Deixaria como é hoje, tem que ser. Não tem buraco na Previdência por causa disso. Se tiver buraco, aí você não pode aumentar tanto o mínimo, porque se aumentar o mínimo além do que é possível, vem inflação.

No final da entrevista, o candidato comentou o índice de apenas 1% nas intenções de voto na mais recente pesquisa do Instituto Datafolha.

- Quero chegar a 50%. Mas 1%, deve dar 1,5 milhão, ou 1,2 milhão. Um milhão e duzentas mil pessoas combativas, batalhadoras, adeptos da educação, eu falo para esse um milhão. Um dia a gente vai fazer uma revolução nesse país, se não conseguir agora no dia 1 de outubro. Muito obrigado a vocês. E vamos trabalhar para aumentar esse número, porque precisamos de mais gente para fazer uma revolução no Brasil. O Brasil não pode esperar mais, e essa revolução é a educação.

AGÊNCIA GLOBO
 

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