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 | 05/08/2006 16h09min

Avião chega em SP com 90 pessoas que deixaram o Líbano

Grupo agrega crianças de colo, doentes, libaneses e paraguaia

Mais um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) chegou na manhã de hoje no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, com 90 pessoas que fugiram dos ataques de Israel ao Líbano. O avião fez uma escala técnica em Recife, mas ninguém desembarcou.

No grupo havia 14 crianças de colo, 22 crianças, três idosos, sete pessoas doentes, uma mulher grávida, além de homens e mulheres adultos, alguns libaneses e uma paraguaia. Este é o primeiro vôo da FAB que vem de Damasco, capital da Síria.

O avião fez escala para abastecimento na Argélia e na capital pernambucana. O grupo deixou ontem o Líbano às 10h30 pelo horário local. Segundo o Itamaraty, o grupo não tinha condições de esperar outro vôo comercial porque havia pessoas doentes a bordo. Entre eles, Mohamed Abdouni e seu pai de 79 anos, que tiveram que enfrentar uma longa jornada de fuga do Líbano.

Mohamed relatou que fugiu de bombas israelenses inclusive durante o enterro de um parente. Na manhã de 18 de julho, Abdouni, um paulistano de 48 anos, filho de libaneses, viu três mísseis caírem sobre a fábrica de móveis do irmão de seu cunhado. Ligou para a residência dele e foi perguntando, um a um, pelos membros da família. Descobriu que Dib Barakat, de 61 anos, tinha se tornado mais um brasileiro vítima fatal da guerra.

– Ele morreu na hora, foi uma morte horrível. Mais uns dez minutos e tinham pego mais 20 funcionários –, lembrou Abdouni em entrevista por telefone no final de semana passado. Devido ao estado do corpo, o enterro foi feito às pressas, e exatamente no momento de um novo bombardeio.

– Mandaram oito mísseis a 200 metros da gente. Na hora pensei ‘morri’, e me escondi atrás de um muro. Tinha pessoas se escondendo dentro de túmulos –, conta o brasileiro, que no dia seguinte notou que a montanha ao redor estava branca. Segundo ele, isso seria um sinal de que foram usadas bombas de fósforo, que matam por asfixia e queimadura.

Como torres de comunicação estavam destruídas pelos bombardeios, Abdouni não tinha como se comunicar. Ligações telefônicas eram cortadas várias vezes, o que dificultava, também, a leitura das notícias no computador.

– Não dá para fazer nada. Sair de carro, ir no mercado, nada. Os remédios que vêm de Beirute não chegam até aqui. Os caminhões grandes não têm coragem de entrar. Só louco que nem eu ficou aqui –, declarou.

Abdouni vivia desde 1997 no Vale do Bekaa, uma das regiões mais atingidas pelos ataques de Israel e onde o resgate tem sido mais difícil.

AGÊNCIA BRASIL
 

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