| 03/05/2006 23h42min
O governo da Bolívia anunciou na noite desta quarta que a Petrobras e a hispano-argentina Repsol YPF aceitaram a nacionalização dos hidrocarbonetos decretada na segunda-feira e que estão dispostas a negociar a mudança nas regras do jogo.
– Num intervalo de poucas horas o governo recebeu cartas da Petrobras, da Repsol e de outras empresas que afirmam a sua disposição de aceitar o decreto promulgado pelo presidente Evo Morales – afirmou à imprensa o ministro do Planejamento, Carlos Villegas.
A versão de Villegas é diferente da reação inicial das duas empresas, que rejeitaram o plano do governo boliviano. Mesmo se mostrando dispostas a negociar, elas congelaram seus investimentos e avisaram que podem recorrer a tribunais internacionais para defender seus interesses. O ministro boliviano informou também que as companhias afetadas "estão dispostas a entrar num processo de negociação" para adaptar seus contratos ao novo cenário.
Na segunda-feira, Dia do Trabalho, Morales surpreendeu as multinacionais petrolíferas com interesses na Bolívia e os Governos de seus países com a promulgação de um decreto de nacionalização do setor, uma de suas promessas eleitorais.
A medida foi anunciada 24 horas depois de Morales voltar de uma cúpula em Havana com os presidentes de Cuba, Fidel Castro, e da Venezuela, Hugo Chávez. O decreto foi mais radical do que se esperava, com confisco de ações e ocupação militar de campos e refinarias. O decreto impõe o "controle absoluto" dos hidrocarbonetos por parte da estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB). Ela vai controlar a comercialização no mercado interno e externo e a fixação de preços, volumes e condições.
As empresas atualmente presentes na Bolívia ficarão como investidores sem capacidade de decisão. A Petrobras anunciou hoje que vai congelar seus investimentos futuros na Bolívia e rejeitou qualquer aumento no preço do gás importado. A empresa se dispõe a levar o caso a tribunais internacionais para defender seus interesses. A nacionalização foi recebida com inquietação pela Repsol YPF, que prometeu recorrer a "todas as medidas a seu alcance para proteger os ativos e preservar o emprego" de seus trabalhadores.
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