| 16/03/2005 21h24min
Os dois acusados de envolvimento no assassinato da missionária Dorothy Stang, Rayfran das Neves Sales e Clodoaldo Carlos Batista, apresentaram duas versões para o crime em depoimento à Justiça do Pará.
Segundo o promotor Lauro Freitas Júnior, na segunda versão, os acusados disseram que, ao voltar à cela sentiram a "consciência pesada", e reafirmaram o depoimento prestado à Polícia Civil, em que incriminam o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida; admitem a promessa de pagamento de R$ 50 mil pelo crime e a entrega da arma por Amair Feijoli da Cunha, o Tato.
Na primeira versão, ainda de acordo com o promotor, Rayfran e Clodoaldo tentaram inocentar Bida, apontado como mandante do crime.
– O Rayfran alterou os fatos que tinha apresentado na polícia. Ele alterou os fatos que tiravam a responsabilidade de Vitalmiro Bastos de Moura e tentou diminuir a responsabilidade do Tato. Rayfran disse também em juízo, que a arma do crime teria sido obtida por ele, em Altamira, e não dada por Tato, como afirmou em depoimento à polícia – diz o promotor.
Outro ponto alterado no primeiro depoimento foi com relação à fuga. Para a Polícia Civil, Rayfran afirmou que Vitalmiro teria fornecido alimento e facilitado a fuga, além de prometer advogado para defesa. Para o juiz, o pistoleiro negou a promessa de pagamento de R$ 50 mil e disse que "matou a irmã porque se sentiu ameaçado". Na opinião do promotor, a idéia era tirar a culpa do fazendeiro foragido e diminuir a participação do Tato.
Clodoaldo também afirmou que, junto com Rayfran, teria inventado a participação do fazendeiro no crime com o objetivo de prejudicá-lo. Essa versão, no entanto, foi depois alterada pelos pistoleiros.
– Durante o depoimento do Tato, os outros dois acusados pediram para chamar as autoridades presentes porque queriam mudar seu depoimento. O Ministério Público requereu novo interrogatório e eles foram novamente ouvidos na mesma noite – explica o promotor.
Segundo Lauro Freitas Júnior, os pistoleiros alegaram que a mudança no depoimento teria sido causada pelas conversas com Tato durante as duas semanas em que ficaram na mesma cela em Santa Izabel do Pará, município da região metropolitana de Belém.
– O Tato teria pressionado os dois a mudar a versão do depoimento sob a promessa de que advogado dele arrumaria um meio de arrumar uma saída para os dois. Além disso, o Tato prometeu ajudar a família do Rayfran com a quantia de R$ 1.000 por mês e ia tentar a transferência de Clodoaldo para seu estado natal, o Espírito Santo.
Ao prestar seu único depoimento, Tato, pela primeira vez, assumiu a responsabilidade pela morte da irmã Dorothy.
– Ele disse que teria mandado matar a freira porque se sentia ameaçado por ela e pelo grupo que ela liderava. Agora, queremos dar mais ênfase e embasamento ao envolvimento do Bida. O fato deles terem mudado a versão e tentado tirar a participação do Bida é mais um motivo para acreditarmos que ele está fortemente envolvido no crime – conta o promotor, que diz não ter mais dúvidas sobre o envolvimento dos acusados no caso.
As informações são da Agência Brasil.
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