| 01/04/2005 14h16min
Jornalistas de dois canais italianos de TV reclamaram que seus chefes os impediram de divulgar notícias sobre o estado de saúde do papa João Paulo II na quinta à noite enquanto o primeiro-ministro do país, Silvio Berlusconi, falava em outro canal. Repórteres do canal de notícias TG3, ligado à emissora estatal RAI, disseram ter sido obrigados a interromper uma notícia sobre o papa transmitida ao vivo.
No Mediaset, um canal controlado pela família de Berlusconi, jornalistas do TG5 criticaram o canal por não interromper uma entrevista com o premiê para dar notícias sobre o pontífice. O dirigente, que controla na prática a maior parte dos canais de TV da Itália, estava sendo entrevistado em um canal da RAI três dias antes de o país ir às urnas para realizar eleições regionais.
– Estamos indignados e chocados com o que aconteceu na noite passada, quando começaram a chegar as notícias sobre a piora no estado de saúde do papa – afirmaram repórteres do TG3, em um comunicado.
– A direção do canal nos obrigou a interromper a transmissão ao vivo para dar espaço grade de programação normal. Enquanto todos os outros canais do mundo começavam a transmitir notícias a partir do Vaticano, o TG3 teve de interromper sua transmissão a fim de satisfazer a decisão de divulgar uma entrevista gravada com Berlusconi – disse.
Jornalistas do TG5 disseram que o Canale 5, do Mediaset, limitou-se a colocar no ar uma mensagem alertando as pessoas sobre o estado de saúde do papa, que piorou bastante na quinta-feira, quando o pontífice sofreu uma parada cardíaca.
– Apesar da grande pressão, o Canale 5 não considerou apropriado interromper a programação da noite – afirmaram editores do canal.
– Um grande grupo de comunicação como o nosso nunca deveria se eximir do dever de informar os telespectadores da forma mais rápida e completa possível – disseram em um comunicado.
As informações são da agência Reuters.
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