| 19/03/2003 20h07min
Tropas norte-americanas e britânicas avançaram nesta quarta, dia 19, no Oriente Médio, tomando posição para o ataque ao Iraque, poucas horas antes do fim do prazo dado por Washington para que Saddam Hussein deixe seu país.
O ultimato termina às 4h de quinta (hora de Bagdá, 22h de quarta em Brasília), mas não há sinal de que Saddam esteja disposto a embarcar para o exílio, apesar de oferta nesse sentido feita pelo rei de Barein, Hamad bin Isa al Khalifa.
Usando roupas especiais contra armas químicas, os soldados enfrentaram uma violenta tempestade de areia para penetrar na zona desmilitarizada – uma faixa de 15 quilômetros que divide o Iraque do Kuwait – e instalaram postos de observação.
Em porta-aviões e bases áreas espalhados pela região do Golfo, os pilotos se preparam para o bombardeio aéreo, que deve ser um dos mais ferozes da história – até 3 mil bombas e mísseis de precisão serão lançados em poucos dias, segundo autoridades norte-americanas.
Essa estratégia de choque visa tanto à destruição das defesas antiaéreas de Saddam como à criação de um profundo impacto psicológico, que diminua o moral dos iraquianos e os incentive à rendição.
Os aviões ocidentais já jogaram quase 2 milhões de panfletos sobre o sudeste do Iraque propondo aos soldados do país que se rendam, não usem armas de destruição em massa e não ateiem fogo aos poços de petróleo.
As armas químicas são o maior temor dos estrategistas do Pentágono nesta guerra, ao lado da possibilidade de que militares leais a Saddam resistam em Bagdá, levando a uma arriscada batalha urbana.
Antes de terminar o prazo dado ao líder iraquiano, 17 soldados iraquianos se entregaram às forças lideradas pelos Estados Unidos no norte do Kuwait, segundo fontes militares dos Estados Unidos.
Forças lideradas pelos EUA no norte do Kuwait fizeram planos para agrupar um grande número de soldados iraquianos que esperam que se rendam rapidamente tão logo a guerra comece. Aviões dos EUA e britânicos lançaram milhões de panfletos pelo Iraque fazendo um apelo a soldados iraquianos para que não resistam à invasão.
Os Estados Unidos e a Grã-Bretanha têm quase 175 mil homens no norte do Kuwait, à espera da ordem de ataque, cada vez mais iminente depois do fracasso das negociações diplomáticas em torno de uma solução pacífica para a crise.
No Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), a Rússia, a França e a Alemanha voltaram a criticar os Estados Unidos por irem à guerra sem o aval da comunidade internacional.
A Turquia, por sua vez, anunciou a intenção de abrir seu espaço aéreo aos Estados Unidos, mas disse que não vai permitir o uso de bases nem mesmo para reabastecimento dos aviões. Com essa decisão, os turcos abrem mão de um pacote de ajuda econômica de US$ 30 bilhões que os EUA ofereciam em troca do apoio efetivo.
A Casa Branca diz ter o apoio de 45 países na guerra, mas só 30 expressaram adesão pública – e em muitos casos ela foi apenas simbólica. Na prática, a guerra será travada só por combatentes dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha.
O porta-voz presidencial Ari Fleischer já começou a preparar os norte-americanos para possíveis baixas.
– Pode ser uma questão de alguma duração, não sabemos. Os americanos precisam estar preparados para a perda de vidas. Eles precisam estar preparados para a importância de desarmar Saddam Hussein a fim de proteger a paz – disse o porta-voz.
Na terça, Bush avisou oficialmente o Congresso que desistiu da diplomacia como forma de eliminar as armas de destruição em massa que ele acusa Saddam Hussein de possuir. Saddam rejeita a acusação.
Analistas dizem que o primeiro objetivo importante dos norte-americanos no confronto será derrotar unidades regulares do Exército iraquiano e ocupar a cidade de Basra, um importante centro petrolífero a 65 quilômetros da fronteira com o Kuwait e a 550 de Bagdá.
Simultaneamente, outras tropas devem ser levadas em aviões e helicópteros para o norte, onde irão proteger os poços de petróleo.
Em Bagdá, o ministro da Informação, Mohammed Saeed Al Sahaf, disse que os invasores vão se deparar com "a morte definitiva". No Parlamento, os deputados iraquianos prometeram morrer por Saddam.
O funcionário da ONU responsável pela ajuda ao Iraque, Ramiro Lopez da Silva, disse que a guerra pode provocar uma grande tragédia humanitária, em um país já devastado por mais de uma década de sanções econômicas.
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