| 07/03/2007 12h32min
Com a viagem à América Latina que inicia amanhã no Brasil, o presidente George W. Bush quer mostrar que seu envolvimento vai além do comércio e da luta contra as drogas. Analistas e alguns congressistas, no entanto, expressaram ceticismo sobre o impacto da visita.
Segundo o governo dos Estados Unidos, Bush esteve "envolvido e comprometido com a América Latina ao longo de toda sua Presidência". O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Stephen Hadley, diz que prova disso é que esta será a 11ª viagem de Bush à região desde que chegou ao poder. Lembrou ainda que o presidente teve cerca de 20 reuniões com líderes latino-americanos em 2006.
A viagem, que vai até o dia 14, será a mais longa dos seis anos da Presidência Bush. Segundo Hadley, com o giro do presidente, a Casa Branca quer deixar claro seu compromisso, "mediante a democracia e a oportunidade econômica, para que o povo latino-americano saia da pobreza".
No entanto, congressistas democratas e analistas consideram que a Casa Branca deixou a América Latina de lado nos últimos seis anos, em grande medida porque se concentrou na luta contra o terrorismo e na Guerra do Iraque. Destacam ainda que a viagem não suscitou muita expectativa na América Latina nem deve ter muito resultados concretos.
– É uma visita depois de mais de seis anos de esquecimento, e por isso não há grandes expectativas – afirma Sydney Weintraub, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS).
Por sua parte, Michael Shifter, do Diálogo Interamericano, diz que, "na América Latina, sabe-se que o presidente não tem muito apoio político" em casa, "e nem capital político para gastar". Boa parte da motivação da viagem, segundo Peter Hakim, também do Diálogo Interamericano, deve-se ao fator Hugo Chávez e à força do "populismo" em alguns países da região.
– Existe uma verdadeira preocupação sobre aonde vão as relações entre Estados Unidos e América Latina (...). Está claro que há um crescente sentimento antiamericano na região – avalia Hakim.
No entanto, os analistas consideram que "seria um erro" atribuir a viagem apenas a uma tentativa de combater a influência do presidente venezuelano.
Segundo Peter DeShazo, ex-subsecretário de Estado para a América Latina, a visita visa a ressaltar que "esta Administração está disposta a colaborar com governos democráticos" de todas as tendências políticas, dos conservadores Felipe Calderón (México) e Álvaro Uribe (Colômbia) aos esquerdistas Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil) e Tabaré Vázquez (Uruguai).
O resultado concreto de maior destaque que a viagem pode ter é um acordo com o Brasil sobre tecnologia e comércio de biocombustíveis. Até o momento, não está claro se o acordo será assinado já esta semana no Brasil ou, como parece mais provável, no dia 31, durante visita de Lula aos Estados Unidos.
Bush abrirá a viagem em São Paulo na noite da quinta. No dia seguinte, o líder norte-americano se reunirá com Lula, e ambos darão uma entrevista coletiva conjunta. Entre outras atividades, Bush visitará uma unidade de produção de etanol.
No sábado o presidente estará no Uruguai, onde se reunirá com Vázquez na Estância presidencial Anchorena, no departamento de Colônia, e participará de uma recepção para líderes empresariais e políticos. A terceira etapa será a Colômbia, no dia 11. Bush conversará com o presidente Uribe e lhe expressará seu apoio para renovar o "Plano Colômbia" de combate às drogas.
O líder chegará no dia 12 à Guatemala, onde apoiará o presidente Oscar Berger, cuja autoridade tem sido questionada em meio a suas próprias forças de segurança. A viagem concluirá em Mérida, no México, onde o presidente americano se reunirá com seu colega Felipe Calderón pela primeira vez desde a posse deste, e elogiará a política antidrogas do novo governo.
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