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 | 03/03/2007 17h28min

Produção de etanol será tema da reunião de Lula e Bush no Brasil

Encontro é um dos mais aguarados da história recente do país

Vivian Eichler  |  vivian.eichler@zerohora.com.br

Na visita que o presidente George W. Bush fará ao Brasil quinta e sexta-feira, um projeto concebido em pleno regime militar na década de 70 ganhará status estratégico para aproximar o país dos Estados Unidos.

O álcool - há três décadas abastecendo veículos nacionais - faz do encontro um dos mais aguardados da história recente do país.

A parceria que está prestes a ser assinada renderia para ambos a oportunidade de consolidar uma posição de liderança no campo da energia alternativa mundial - uma das principais preocupações do século 21, ao lado do aquecimento global. Mas esse interesse comum também tem outros significados políticos.

No horizonte de Bush, além da tentativa de reduzir a dependência do petróleo, há um esforço para recuperar o tempo perdido nos últimos anos com negociações malsucedidas da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). A Casa Branca também pretende reverter a desatenção à América Latina desde que os ataques de 11 setembro de 2001 resumiram a política externa americana à guerra contra o terrorismo.

No meio de seu segundo mandato, Bush descobriu no etanol brasileiro um contrapeso pacífico à barulhenta integração energética liderada pelo venezuelano Hugo Chávez, baseada no petróleo e no gás.

– Há uma iniciativa abrangente dos Estados Unidos para reorganizar o panorama político na América do Sul. A proposta de cooperação no campo da energia faz frente justamente ao que Chávez procura articular – interpreta o sociólogo Demétrio Magnoli, do Grupo de Análise da Conjuntura Internacional (Gasint) da USP.

Em 2005, Bush comeu churrasco com Lula em Brasília, mas a conversa não evoluiu além da cortesia protocolar. Desta vez, ambos se encontrarão em São Paulo. Além da assinatura de um memorando bilateral sobre biocombustíveis, o americano deverá conhecer programas dedicados a jovens carentes.

– É um gesto que prestigia Lula. Quando eu estava lá, já falávamos em etanol, mas pouca coisa foi feita. Não havia um interesse maior – avalia Rubens Barbosa, embaixador do Brasil nos EUA de 1999 a 2004.

Um leque de benesses adicionais também viria com Bush, oferecendo investimentos em áreas como segurança pública. Esse tema foi apresentado em fevereiro a seis governadores - entre eles Yeda Crusius - por Alberto Gonzales, secretário de Justiça americano. Yeda programa agora uma viagem aos EUA a fim de obter financiamento para a construção de presídios.

– Essa aproximação é um esforço para estabelecer a relevância dos Estados Unidos na América Latina e melhorar seu status. Falta uma política coerente, sustentável e relevante – avalia o brasilianista Peter Hakim, presidente do Inter-American Dialogue, instituto de pesquisas políticas baseado em Washington.
 

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