| 10/11/2006 12h02min
O Banco Mundial cometeu negligências em seus estudos sobre o impacto de duas fábricas de celulose que estão para ser construídas no Uruguai, segundo a secretária argentina do Meio Ambiente, Romina Picolotti, que tenta frear a ajuda a um dos projetos.
Picolotti faz esta semana uma intensa campanha na capital norte-americana para tentar convencer o Conselho Executivo do Banco Mundial (BM) a adiar um empréstimo de US$ 170 milhões para o financiamento de uma fábrica de celulose que a empresa finlandesa Botnia planeja construir em Fray Bentos (Uruguai).
O BM decidiu não financiar o segundo dos projetos, o da espanhola Ence, depois que a companhia anunciou que mudará a fábrica de localidade. A Botnia, pelo contrário, segue adiante com seus planos de construir a unidade de produção às margens do rio Uruguai, limite natural entre Argentina e Uruguai.
O Conselho Executivo do banco, integrado por 24 diretores executivos que representam os 184 países-membros da entidade, decidirá no dia 16 se aprova ou não o empréstimo. O órgão diretor também se pronunciará sobre a concessão de uma garantia de crédito de US$ 300 milhões a Botnia.
Fontes do BM disseram que a data da votação não foi mudada e que "tudo segue adiante".
Picolotti explicou hoje a vários diretores executivos do Banco Mundial que o fato de haver um processo jurídico aberto – a Corte Internacional de Justiça estuda se a construção da fábrica viola o estatuto do rio Uruguai – é um motivo mais do que suficiente para que a ajuda seja suspensa.
Por sua vez, Carlos Gianelli, embaixador uruguaio em Washington, disse não acreditar que a Corte de Haia vá dar razão à Argentina. O diplomata frisou que a questão "não se traduzirá na realocamento da fábrica". Gianelli acrescentou que todos os estudos técnicos indicam que os projetos "não têm impacto sobre a qualidade do ar, a água ou os seres humanos".
– Não sei em que a Argentina se baseia para afirmar que (as fábricas) representam uma ameaça ecológica – disse.
Picolotti destaca que os estudos feitos pela Argentina "mostram, sim, que há um impacto no rio", com alguns "danos irreversíveis". Além disso, ela acusa o Banco Mundial de ter sido negligente em seus estudos e questionou a independência dos consultores que avaliaram o impacto das unidades de produção, ao alegar que o BM sempre contrata os mesmos consultores ou pessoas vinculadas à entidade.
Num comunicado emitido hoje, o BM frisa que a decisão de respaldar o projeto, pendente agora do sinal verde do Conselho Diretor, foi tomada após um "extenso" processo que incluiu um estudo e a revisão do mesmo por especialistas independentes.
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