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O mercado financeiro trava uma queda-de-braço com o Banco Central (BC), cujo resultado, até agora, é a alta do dólar. Com o conhecimento de que o BC dispõe de US$ 15 bilhões para atuar no câmbio, o mercado testa os limites da política de atuação do Banco Central, que suspendeu na semana passada o compromisso de intervir diariamente.
O presidente do Banco Central, Armínio Fraga, admitiu nesta segunda, 12 de agosto, que a venda diária de dólares pode voltar, mas que, no entanto, seria de "maneira menos programada". Sua declaração foi feita pela manhã, antes de a moeda norte-americana registrar nova alta. Segundo Fraga, o BC poderia recomeçar a vender determinada quantidade de dólares por dia, durante certo tempo, mas não comunicaria oficialmente ao mercado.
– A idéia de suspender a intervenção diária de US$ 50 milhões foi minha, não é do FMI (Fundo Monetário Internacional). Foi tomada com a visão de que estamos vivendo um momento de alta volatilidade, de insegurança. Isso leva um tempo para passar, e nesse ambiente seria melhor ter flexibilidade – disse Armínio
O ministro da Fazenda, Pedro Malan, por sua vez, afirmou que o governo não tomará novas medidas para conter a alta do dólar. Ele acredita que o apoio interno dos principais presidenciáveis ao acordo de US$ 30 bilhões com o FMI acalmará os mercados.
– Não há nenhuma medida adicional. Estamos trabalhando na construção do apoio doméstico, que eu tenho certeza que virá quando todos perceberem que esse acordo é um acordo que serve ao país – disse Malan.
Sem oferta de linhas de financiamento externo, as empresas que têm dívidas em dólar buscam dólar para honrar os vencimentos à vista. A cotação da moeda norte-americana acelerou o ritmo de alta logo depois da conclusão da operação de rolagem parcial de papéis cambiais que vencem na quinta-feira, no valor total próximo a US$ 2,4 bilhões. Para rolar quase 25% dessa dívida, o Banco Central aceitou nesta segunda no leilão, pela primeira vez, pagar prêmios de até 32% ao ano. A taxa é praticamente o dobro da Selic, de 18% ao ano, referência para a remuneração dos títulos públicos emitidos em moeda local. No último dia 5, quando o mercado pediu prêmio altos, o BC preferiu não rolar os papéis cambiais.
A venda acentuada de títulos da dívida pública brasileira ditou a disparada do risco-país, que mede a percepção dos investidores estrangeiros de o Brasil pagar sua dívida externa. O Risco Brasil atingiu 2.221 pontos, alta de 10,8%.
O cenário político também preocupa investidores e abre espaço para a especulação. Preferido pelo mercado financeiro por representar a continuidade da atual política econômica, o candidato tucano José Serra não decola nas pesquisas e há o temor de que ficará fora do segundo turno da sucessão presidencial.
Apesar da persistência da volatilidade do mercado de câmbio, bancos e consultores não mudaram a previsão para a cotação do dólar no fim do ano. Na última pesquisa semanal que o BC fez entre um grupo de cem instituições financeiras e empresas de consultoria, divulgada nesta segunda, a projeção é de R$ 2,65. No entanto, a estimativa de inflação subiu de 6% para 6,07% ao ano e a de crescimento de Produto Interno Bruto (PIB) recuou de 1,85% para 1,83%.
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