| 31/05/2006 23h33min
A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de cortar em 0,5 ponto percentual a taxa Selic, depois de sucessivas reduções de 0,75 ponto, não surpreendeu, mas causou críticas, especialmente de dirigentes da indústria paulista.
O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, disse que "reduções homeopáticas dos juros, que continuam os mais altos do mundo, estão minando a saúde e a resistência da economia brasileira". Para Skafi, o Copom reafirma sua disposição de evitar, “a qualquer custo, o risco do crescimento". A Confederação Nacional da Indústria (CNI) lamentou a decisão e acusou a autoridade monetária de levar em conta a volatilidade que atingiu os mercados internacionais na semana passada, sem considerar "as condições favoráveis" da economia brasileira.Para a entidade, a manutenção da taxa real de juros no país acima de 10% é muito preocupante. "É imprescindível substituir o gradualismo na condução da política monetária pela promoção de condições fiscais que dêem sustentabilidade a um processo permanente de queda dos juros." defendeu a CNI em comunicado. Para o economista Antonio Corrêa de Lacerda, diretor do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), de novo predominou o conservadorismo do Copom. – Havia espaço para a redução da Selic em, pelo menos, 0,75%, mas o que vimos foi uma atitude de exagerada cautela – disse Lacerda. Já a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) viu com naturalidade a desaceleração no ritmo de corte da Selic, em face da volatilidade externa. Mas cobrou a continuidade do processo de redução dos juros sob pena de a retomada da atividade econômica, evidenciada pelo resultado do PIB no primeiro trimestre, perder fôlego. O presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Guilherme Afif Domingos, também achou compreensível a desaceleração, e cobrou a continuidade da queda nos juros. O presidente da Federação do Comércio de São Paulo (Fecomércio-SP), Abram Szajman, por seu lado, foi mais crítico. – Para o resultado do PIB no primeiro trimestre se repetir no segundo e configurar uma tendência de crescimento superior aos 2,5% dos últimos anos, teria sido necessário um corte menos tímido – disse Szajman. O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, foi ainda mais incisivo nas críticas ao Copom. – O país está cansado dessa política de queda de juros a conta-gotas. Ao utilizar intervenções comedidas na política de juros, o governo federal põe sobre os ombros dos trabalhadores os efeitos danosos da instabilidade internacional e joga por terra a previsão de um crescimento do PIB entre 4% e 5% este ano – disse Paulinho. AGÊNCIA O GLOBOGrupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2008 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.