O presidente do Equador, Rafael Correa, informou hoje, durante seu programa semanal de rádio, que assinou na quinta-feira o decreto expulsando do país a construtora brasileira Odebrecht. Segundo ele, antes foram analisadas as conseqüências jurídicas, técnicas e econômicas da decisão.

O presidente equatoriano também pediu ao governo brasileiro que revise a decisão de cancelar a missão comercial, que seria liderada pelo ministro brasileiro dos Transportes, Alfredo Nascimento, e tinha planos de discutir o apoio financeiro do Brasil à infra-estrutura de transportes do Equador.

— Nós não entendemos a posição do governo brasileiro, mas a respeitamos. Trata-se de um problema entre o Equador, um país soberano, e uma empresa — argumentou Correa.

Usina de problemas

Uma hidrelétrica construída pela empreiteira brasileira Odebrecht na Amazônia equatoriana é o pivô da crise:

> A usina hidrelétrica de San Francisco era responsável por 12% da produção de energia do Equador. A obra foi inaugurada há 14 meses, mas deixou de produzir em junho devido ao desgaste prematuro das rodas d’água das turbinas e ao desabamento parcial do túnel por onde passa a água.

> A Odebrecht havia se comprometido a resolver os dois problemas para que a usina voltasse a funcionar até 4 de outubro, mas não chegou a um acordo para indenizar o governo equatoriano. A empresa não vinha aceitando o pagamento do lucro cessante devido à paralisação da San Francisco, sob a alegação de que não estava previsto no contrato.

> No Equador desde 1986, a Odebrecht é uma das maiores construtoras do país. Orçada em US$ 282 milhões (R$ 674 milhões), a construção da hidrelétrica de San Francisco contou com um financiamento de US$ 243 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) brasileiro.