O secretário-geral de governo, Delson Martini, disse em entrevista coletiva nesta quarta-feira que não tem responsabilidade pelo fato de ser citado em gravações telefônicas durante as investigações da fraude do Detran:

— Pela primeira vez, aparece meu nome citado nessas gravações. Quero reafirmar que, nesses seis meses de investigação, há mais de 40 mil horas de gravações. Em nenhum momento eu fui convocado para depor como testemunha ou acusado. Não há motivo nenhum. Não aparece nada que justificasse a minha convocação para depoimento. O fato de aparecer meu nome citado por terceiros não é minha responsabilidade — alegou ele, reforçando que não teve envolvimento na fraude do Detran.  

Ex-presidente da CEEE, Martini ainda reconheceu ter intimidade com o réu e ex-diretor da CEEE Antônio Dorneu Maciel, com quem conversava seguidamente "sobre a CEEE e sobre política". 

Martini alegou que o seu nome foi mencionado nas gravações porque Maciel e o ex-presidente do Detran Flávio Vaz Netto tentavam conseguir uma audiência com a governadora Yeda Crusius.

— A gente recebe pedidos de audiência e nem por isso se interfere em relação de A e B. A diretriz no governo é clara. As empresas têm de resolver seus problemas internamente. Jamais eu teria poder de interferir em outro órgão. Meu poder era restrito a CEEE — justificou Martini.

O secretário disse ainda que comparecerá na CPI do Detran se for convocado. As duas assinaturas que faltavam para a convocação dele foram consolidadas na tarde desta quarta-feira. As assinaturas foram de Alexandre Postal (PMDB) e Cassiá Carpes (PTB). O requerimento só deve ser votado na próxima segunda-feira, mas a maioria dos deputados já indicou que o comparecimento do secretário seria fundamental para a CPI.

— Se for convocado, até é uma obrigação legal eu comparecer. Não há fato novo. O que existe são as sonoras das transcrições que já sabiam anteriormente — disse Martini.

Na última segunda-feira, o requerimento para a convocação de Martini foi rejeitado em votação na Assembléia. Foi a quinta vez que a base do governo conseguiu barrar a ida do secretário até a CPI do Detran.