| 03/06/2008 04h29min
A Polícia Federal (PF) acredita ter localizado pelo menos uma "confissão extrajudicial" da fraude no Departamento Estadual de Trânsito (Detran) durante as diligências da Operação Rodin, no ano passado. Trata-se de uma carta escrita pelo empresário e lobista Lair Ferst, um dos réus no processo judicial sobre a fraude, e apreendida pelos federais no dia 6 de novembro.
A correspondência era dirigida à governadora Yeda Crusius, mas não teria chegado à destinatária.
Na página 135 do relatório de conclusão do inquérito da PF, a importância da carta é definida nos seguintes termos: "Carta de Lair Ferst direcionada à governadora contando toda a fraude. A leitura dessa confissão extrajudicial é de fundamental importância na elucidação da fraude apurada, pois nela estão dispostos os métodos e pessoas envolvidos no esquema".
Até o momento, Ferst, um dos coordenadores da campanha de Yeda ao governo do Estado em 2006, apresentou duas versões sobre a
correspondência. No dia 25 de maio, em entrevista
a Zero Hora, afirmou ter escrito a carta com o intuito de fazer "um alerta" à governadora sobre irregularidades no contrato firmado entre o Detran e a Fundação Educacional e Cultural para o Desenvolvimento e o Aperfeiçoamento da Educação e da Cultura (Fundae), assinado em abril do ano passado.
No dia 26, em entrevistas e no depoimento à CPI do Detran, o lobista negou a existência da carta, que hoje integra o processo da Rodin como uma das provas da fraude que lesou os cofres públicos em R$ 44 milhões entre 2003 e 2007.
O relatório do inquérito também afirma que o material apreendido estava incompleto e sugere que os computadores de Ferst em poder da Justiça sejam verificados na tentativa de localizar o arquivo em que a carta foi escrita. Os computadores do lobista ainda estão sob análise de procuradores da República que atuaram na investigação.
Ferst admitiu a ZH que enviou o material a um assessor da governadora, que atualmente trabalha em Brasília.
O assessor teria questionado o
lobista sobre a existência de provas referentes às irregularidades descritas na carta. Como Ferst teria dito não ter provas, o assunto teria sido encerrado assim, sem que o texto fosse encaminhado a Yeda.
Contraponto
O porta-voz do Palácio Piratini, Paulo Fona, afirma que "se o o suposto autor diz que não há carta, e a Polícia Federal diz que esta suposta carta não chegou à governadora, não há o que comentar."
Ferst foi um dos coordenadores da campanha de Yeda ao governo do Estado em 2006
Foto:
Adriana Franciosi
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