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 | 29/05/2008 11h12min

Organizações alertam que preços agrícolas vão aumentar entre 20% e 80% até 2017

Relatório aponta que quantidade de etanol duplicará para alcançar 125 bilhões de litros

Apesar de ter atingido níveis recorde, os preços agrícolas não devem permanecer estáveis, mas aumentar entre 20% e 80% no período entre 2008 e 2017, em relação aos 10 anos anteriores.

Esta é a principal conclusão do relatório anual de Perspectivas Agrícolas publicado nesta quinta-feira, dia 29, pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO).

As duas organizações esperam que, até 2017, o aumento da produtividade permita acompanhar o da demanda, o que conterá os preços, apesar de reconhecerem que há várias incertezas que podem pesar.

A OCDE e a FAO admitem que os preços elevados, apesar de beneficiarem muitos agricultores com acesso aos mercados internacionais, agravarão a situação das populações pobres que vivem nas áreas urbanas dos países em desenvolvimento.

– Em muitos países pobres, a alimentação representa mais de 50% do orçamento, e o alto nível de preços levará mais pessoas à desnutrição – alertam.

Diante das projeções de "maior vulnerabilidade" alimentícia nos países menos desenvolvidos, apostam que eles desenvolvam "suas capacidades de abastecimento interior" com sua agricultura.

– Um aumento da ajuda humanitária é imposto para reduzir as incidências negativas dos altos níveis de preços sobre os mais desfavorecidos, o que é preciso ser feito sem medidas que tenham um impacto de distorção dos mercados – destacam.

As duas organizações calculam que, em relação ao período compreendido entre 1998 e 2007, na década seguinte os óleos vegetais terão um preço médio 80% superior, e os grãos oleaginosos e a manteiga serão 60% mais caros.

Por trás do aumento, calcula-se que o consumo será de 50% durante esses 10 anos para os cultivos oleaginosos, principalmente para uso alimentício, mas também para a produção de biocombustíveis, que disparou e seguirá o mesmo caminho.

Se a quantidade de etanol triplicou entre 2000 e 2007, ela duplicará até 2017 para alcançar 125 bilhões de litros, enquanto a de biodiesel progredirá a um ritmo ainda superior, após ter sido multiplicada por 11 durante o mesmo período até cerca de 11 bilhões de litros.

As duas organizações afirmam que os biocombustíveis explicam "em grande parte o aumento dos preços dos produtos agrícolas" e que a futura evolução destas produções dependerá das altas no preço do barril de petróleo e nos subsídios públicos.

Trigo, milho e leite em pó terão reajuste de entre 40% e 60% no período da previsão.

No caso do milho, o aumento está relacionado à explosão dos biocombustíveis, principalmente nos Estados Unidos, onde cerca de 40% de sua produção poderá ser dedicada à fabricação de etanol em 2017.

Os autores do relatório estimam que o baixo volume de reservas e os altos preços levarão os agricultores a dedicar mais terras aos cereais, principalmente devido à demanda crescente de países como Nigéria, Egito e Arábia Saudita e, sobretudo, do Sudeste Asiático.

Estados Unidos e Austrália estarão mais uma vez na liderança entre os exportadores, mas grandes potências emergentes do setor agrícola, como Ucrânia e Argentina, terão cada vez mais peso.

Para o leite, a evolução será marcada pela obtenção de derivados com maior valor agregado e uma demanda que estimulará a oferta, principalmente por parte dos países em desenvolvimento, especialmente Índia e China, que, no entanto, não serão auto-suficientes.

No caso da carne, está prevista uma alta do consumo de 2% ao ano, com grandes diferenças entre os Estados da OCDE (+0,5%) e os países em desenvolvimento (+2,5%), o que beneficiará os grandes exportadores: Brasil, Estados Unidos, Canadá, Argentina e Austrália.

A OCDE e a FAO prevêem um aumento na produção mundial de arroz da ordem de 10% até 2017, que deverá ser originada por um aumento dos rendimentos, que compensará a diminuição da área cultivada.

Em termos de consumo, o mais relevante é que, enquanto o índice deste por pessoa na Ásia diminuirá em favor de outros alimentos, devido a uma melhora no padrão de vida, na África aumentará de 22 para 24 quilos por habitante em 10 anos.

AGÊNCIA EFE
 
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