| 18/04/2008 19h15min
Terminou nesta sexta-feira, dia 18, a 30ª Conferência Regional para América Latina e Caribe da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Países em desenvolvimento concordam que os biocombustíveis são uma oportunidade de renda, mas também que é preciso uma política clara de segurança alimentar para não aumentar a fome no mundo.
O diretor-geral da FAO, Jacques Diouf, foi direto ao afirmar que, para aumentar a oferta de alimentos, é preciso que os pequenos produtores tenham acesso a insumos e fertilizantes. As ações práticas da 30ª conferência da FAO devem ser elaboradas em junho, quando os 190 países membros participarem de uma conferência em Roma sobre segurança alimentar.
Durante os cinco dias, 21 países da América Latina e Caribe discutiram estratégias para assegurar que a população pobre tenha acesso à alimentação, uma vez que 10% dela ainda passe fome.
Biocombustíveis
O desequilíbrio entre oferta e procura dos produtos agropecuários tem agravado a situação alimentar, gerando altas nos preços dos commodities. Durante a conferência, os biocombustíveis chegaram a ser culpados por esse panorama. O diretor de direito à alimentação da ONU, o suíço Jean Ziegler, chegou a classificar a produção como crime contra a humanidade, sugerindo que a nova matriz energética ajudaria a aumentar a fome do mundo.
No encerramento do evento, lideranças concluíram que, para o equilíbrio na produção entre biocombustíveis e alimentos, a chave é o fortalecimento da agricultura familiar.
Na América Latina e no Caribe, os pequenos produtores são responsáveis por 70% da produção agrícola e, para não sofrerem com os altos preços internacionais, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, diz que é preciso mais investimentos.
– Mais agricultura familiar e mais reforma agrária e com mais política pública. Esse é o caminho para nós produzirmos mais e melhores alimentos. Essa é a conclusão da conferência.
O diretor-geral da FAO disse ainda que uma das ações imediatas é a garantia de acesso aos pequenos produtores a insumos e fertilizantes já para a próxima safra. Nos últimos meses o aumento chegou a 50%.
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, reforça a tese de que a produção de biocombustíveis e alimentos podem andar juntos e que não basta somente uma política de reforço à agricultura familiar, é necessário também que os países ricos deixem de proteger a produção agrícola interna, eliminando os subsídios.
– No Brasil e em países africanos, acho que os biocombustíveis podem efetivamente - desde que haja um manejo adequado - ser uma fonte de riqueza, de renda e totalmente compatível com a produção de alimento. Realmente, o que prejudica a produção de alimentos nos países pobres, vamos ser claros, é a existência dos subsídios e barreiras nos países ricos – afirma Amorim.
O ministro das Relações Exteriores ainda assinou um acordo de cooperação com a FAO para ajudar os países pobres a implementar políticas de desenvolvimento da agricultura familiar. Nos próximos 60 dias, o Brasil deve repassar US$ 1 milhão para a FAO, sendo que a maior parte dos recursos deve ser destinada ao Haiti.
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