Representantes de estudantes, servidores e professores, que formam Conselho de Entidades da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), decidiram não comparecer à reunião com o reitor Ulysses Fagundes Neto, marcada para esta sexta-feira. O reitor admitiu ter usado seu cartão corporativo para gastos pessoais, mas afirma não ter agido de má-fé.

Os estudantes da Unifesp estão em greve desde quinta e protestam em frente à reitoria da instituição de ensino. De acordo com Tiago Cherbo, coordenador-geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE), o movimento avaliou que não deveria ir ao encontro com o reitor. Nesta sexta deve ocorrer uma assembléia para determinar a ação dos estudantes.

— Após tudo que ouvimos dele, já decidimos que queremos sua saída — disse.

A assessoria de imprensa da universidade reitera que o reitor Fagundes Neto está à disposição dos alunos e funcionários para discutir o assunto.

O movimento pede a saída do reitor, acusado de ter feito compras pessoais com seu cartão corporativo.

— Não vamos ocupar a reitoria, pelo menos por enquanto, vamos apenas deixar claro nosso posicionamento — afirmou Cherbo.

A Procuradoria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) informou nessa quinta, por meio de nota que, "em momento algum, o reitor Ulysses Fagundes Neto causou prejuízos aos cofres públicos e tampouco praticou quaisquer irregularidades".

O documento divulgado pela assessoria de imprensa da instituição, afirma ainda que "embora o reitor considere a manifestação dos alunos legítima e uma prerrogativa democrática, não se justifica a carta do Diretório Central dos Estudantes (DCE) pedindo seu afastamento".

Não invadir a reitoria

Numa assembléia marcada por muitas divergências, Unifesp decidiram na quarta-feira não ocupar a reitoria da instituição. A decisão foi confirmada por 217 alunos, que votaram pela não ocupação, contra 120 que apoiaram a ocupação como protesto contra os gastos com cartão corporativo do reitor instituição.

Em entrevista coletiva, o reitor da Unifesp admitiu ter cometido "equívocos" ao usar o cartão corporativo da com gastos pessoais. Fagundes Neto é acusado de ter utilizado o cartão corporativo de maneira irregular com gastos na Disney, nos Estados Unidos, durante a Copa do Mundo de Futebol de 2006, na Alemanha, entre outros.

— Cometi um equívoco porque usei o cartão de forma que não poderia ser usado. O calçado era de uso pessoal. Me equivoquei, mas eu paguei. Tinha falta de orientação. Isso foi em 2006, primeiro ano que começamos a usar o cartão — disse Fagundes Neto.

Segundo o reitor, antes da implantação do cartão, as despesas em viagens eram pagas com o valor das diárias, que eram em espécie e não precisavam ser comprovadas.

CPI

A CPI mista dos Cartões aprovou, nessa quarta, a convocação do reitor da Unifesp. A aprovação do requerimento de convocação foi por unanimidade. O reitor já havia enviado à CPI um ofício se colocando à disposição para prestar esclarecimentos. Ele solicitou, no entanto, que o depoimento seja realizado após a auditoria que a Controladoria-Geral da União (CGU) faz em suas contas.

Fagundes Neto devolveu nesta terça-feira à União mais R$ 37,6 mil. O reitor já devolveu até agora R$ 85,5 mil. Ele alegou que a viagem a Orlando, onde fica a Disney, foi para um evento profissional. A mesma justificativa foi dada para os gastos na Alemanha durante a Copa do Mundo. As informações são do site G1 e da Agência Estado.