Marcelo Lara  |  reportagem@canalrural.com.br

Mesmo com alta produtividade da colheita de grãos em Minas Gerais, os produtores rurais reclamam dos preços dos insumos, que podem tirar boa parte da lucratividade das lavouras. O problema das dívidas acumuladas em safras passadas é outra preocupação que atinge os agricultores mineiros, que querem tranqüilidade e apostam na securitização para resolver este impasse.

O produtor rural Paulo José Marincek estava apostando na alta pra recuperar perdas passadas, e só de milho plantou 3,1 mil hectares, mil a mais do que na safra anterior. Mas sabe que os ciclos são passageiros e junto vem o custo pra implantar a próxima lavoura.

– As últimas quatro safras eu passei no vermelho. Até que enfim tive uma renda. Mas o problema ainda são os custos, nunca vi subir tanto o preço dos defensivos. A dívida, no geral, é impagável. Precisamos de 20 anos para resolver o problema – afirma Marincek.

Os produtores mineiros acreditam que houve propaganda demais sobre a alta nos preços das commodities este ano. Isso teria incentivado o aumento nos custos de produção, principalmente no adubo e nos maquinários. As contas do setor em Minas Gerais representam cerca de 10% da dívida agrícola do país.

O produtor Matheus Fonseca Bizinoto já vendeu parte da safra de milho, conseguiu R$ 24 pela saca de 60 quilos, 60% a mais do que no mesmo período do ano passado. A produtividade aumentou, pulou de 135 para 152 sacas por hectare. Bizinoto, que também é agrônomo, fala com a experiência de quem já passou pelos ciclos de alta de baixa do instável mercado do agronegócio.

– É um ano para “desafogar”. O produtor vem fazendo uma bola de neve de dívidas, lutando, pagando juros. Se ele tiver que desembolsar neste momento pra pagar conta, não vai sobreviver – comentou o agrônomo.

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