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Eleições  | 14/10/2010 01h08min

" Vou respeitar a oposição", diz Raimundo Colombo

Governador eleito afirma que espera boa relação com a Assembleia Legislativa

Mayara Rinaldi  |  mayara.rinaldi@diario.com.br

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Engajado na campanha do candidato à presidência José Serra (PSDB) no segundo turno, o governador eleito Raimundo Colombo (DEM) garante que ainda não parou "um minuto" para se dedicar à montagem de sua equipe de governo. De acordo com ele, a escolha do secretariado, que deve acontecer a partir de novembro, será pessoal.

Em entrevista ao Diário Catarinense, Colombo falou sobre os critérios que pretende adotar para nomear seus secretários, além da já declarada divisão de cargos por partido da coligação conforme a votação recebida pelas bancadas da Assembleia Legislativa.

Competência técnica e representação de todas as regiões no governo são alguns desses critérios. Colombo sinaliza ainda para a possibilidade de algumas pastas não pertencerem a partidos. É o caso da segurança pública, considerada por ele como essencialmente técnica.

Na segunda-feira, o governador eleito se encontra com o amigo e professor universitário Ubiratan Rezende. Ubiratan, que mora nos EUA, é o único nome certo na administração.

Colombo fala também sobre o que espera da relação com a Assembleia e com a oposição. Afirma que pretende manter o diálogo e que acredita numa aproximação com os seis eleitos da bancada do PP.

Entrevista

Diário Catarinense: O senhor já conversou com o governador Leonel Pavan sobre como será a transição?
Raimundo Colombo: Só por telefone, e eu só vou tratar disso em novembro.

DC: Qual a sua expectativa com relação a esse processo?
Colombo: Vai ser muito tranquilo, de pessoas que têm espírito público e desejo de ajudar Santa Catarina.

DC: O senhor citou o nome de Ubiratan Rezende para conduzir a transição. Já conversou com ele sobre o assunto?
Colombo: O Ubiratan está vindo para o Brasil na semana que vem e vou conversar com ele na segunda-feira. Ele é uma pessoa muito querida, muito meu amigo, muito qualificada. Eu não sei da disponibilidade dele, vou saber na segunda-feira como é que ele pode me ajudar nisso. Vou ver se ele pode me ajudar até dezembro ou se pode me ajudar depois.

DC: O senhor tem a intenção de chamá-lo para o governo?
Colombo: Sim, se ele aceitar sim.

DC: O senhor já sabe qual cargo ele ocuparia no governo?
Colombo: Não. Depende da conversa que vou ter com ele.

DC: O que o senhor espera da relação com os deputados estaduais durante o seu governo?
Colombo: É a melhor expectativa possível. Eu vou respeitar a oposição. Não sou daqueles que quer passar com um trator por cima. Acho que, para a sociedade, é necessário um governo forte e uma oposição independente. As duas funções são nobres. Claro que a gente não gosta de uma oposição radical, contra tudo e contra todos o tempo todo. Mas a minha vontade é o diálogo, é a discussão. A sociedade está acima das divergências políticas. Fui líder da minoria no Senado e votei muitas coisas a favor do governo e não tinha nenhum constrangimento porque, no meu entendimento, a gente tem que fazer o certo, não importa se você está no governo ou na oposição.

DC: E com relação ao PP? Há possibilidade de manter um diálogo maior com o partido do que o que aconteceu no governo LHS?
Colombo: Acho que pode haver sim. Temos amizades históricas, e amizade sempre prevalece, independentemente da disputa. Mas não sei ainda como isso vai evoluir. E respeito todos. Como eu disse, quero ter um diálogo com a oposição.

DC: Existiria a possibilidade do PP ganhar algum cargo na sua administração?
Colombo: Não. Nesse momento, nos unimos a favor do Serra, mas acho que o que eles querem é a independência em relação ao governo no Estado. Foi o que o Joares Ponticelli (deputado estadual) me falou.

DC: De que forma?
Colombo: De não participar do governo, mas ter uma proximidade. Foi isso que ele (Ponticelli) me relatou numa conversa muito preliminar. Mas a nossa convivência vai ser harmônica, não tenho dúvidas, porque queremos a mesma coisa, o bem de Santa Catarina. E nessa decisão de apoiar o Serra, eles já nos ajudaram e ajudaram Santa Catarina. Eu me senti assim.

DC: Na negociação com o PP, o senhor aceitaria incorporar alguma das ideias da candidata Angela Amin (PP)?
Colombo: Claro. Dela, da Ideli (Salvatti, senadora do PT), de quem quer que seja. Para as propostas boas, a gente está aberto.

DC: Alguma em mente?
Colombo: Não tenho, mas tem algumas que elas levantaram que vou estudar bastante. Como a questão do piso salarial.

DC: Com relação à incorporação o abono, seria uma possibilidade incluir essa proposta nas suas ações?
Colombo: Não conheço bem esse tema. Sei que o abono tem uma vantagem que não incide sobre encargos. Mas a gente tem que fazer as coisas com equilíbrio, com bom senso, o melhor para o servidor público, dentro das condições do Estado.

DC: Já tem em mente algum projeto que considere urgente e pretende mandar para a Assembleia assim que assumir?
Colombo: Não, não tive um minuto ainda. Primeiro, eu me preparei para o segundo turno, tanto que a minha licença do Senado vai até 11 de novembro. Daí a gente foi para a estrada para agradecer e não tive um minuto de folga ainda. Minha intenção é me dedicar com muita determinação, a partir de novembro, e rapidamente a gente vai vencendo etapas. Acho que, agora, eu preciso priorizar a eleição do Serra, é meu dever político. E vou cumprir isso.

DC: O senhor já anunciou que vai respeitar o critério de votação por partidos da coligação na Assembleia Legislativa para distribuir os cargos do secretariado. Isso pode engessar as escolhas?
Colombo: A escolha é minha, pessoal. E ela será feita em cima da participação partidária, mas há três características importantes para a escolha das pessoas: a questão da competência técnica, da vida comunitária e da participação política.

DC: Depois do critério de divisão de cargos por votação na AL, qual o critério seguinte para definir os nomes do secretariado?
Colombo: Tudo aquilo que a gente conseguir fazer, numa união, observando essas três características. Nós vamos começar a convidar a partir daí, mas as pessoas têm que ter afinidade com a área. E tem áreas muito técnicas, que as pessoas precisam dominar profundamente, e que, talvez, não sejam de partido político, como, por exemplo, a segurança.

DC: Para alguma outra pasta, o senhor pretende chamar técnicos para os cargos?
Colombo: Não me dediquei a esse estudo ainda e só vou tratar disso a partir de novembro. Isso não está ainda na minha cabeça, agora estou trabalhando para agradecer e pedir votos para o José Serra, são as duas coisas que são minhas prioridades. Nem vi estrutura de governo, não montei nada, não comecei a discutir isso e só farei mesmo a partir do mês de novembro.

DC: Qual vai ser o método para definir os secretários? O senhor vai receber listas dos partidos?
Colombo: Não, é uma opção pessoal. Conversando com as lideranças, mas é uma opção pessoal.

DC: O senhor já disse que pensou em alguns nomes para a equipe. O senhor poderia dizer esses nomes?
Colombo: Não, sinceramente não. É importante que todas as regiões tenham a sua representação. Essa equação, esse equilíbrio, vai ser a engenharia que a gente precisa fazer. Mas só vou esquentar a cabeça com isso a partir de novembro.

DC: Muitas pessoas defendem que deputados não devem ser chamados para assumir secretarias porque foram eleitos para representar a população. Como o senhor avalia essa posição? Pretende chamar para seu governo?
Colombo: Pretendo chamar deputados, e não acho isso uma coisa que diminua a representatividade dele. O mandato popular fortalece ele dentro da estrutura do governo. Mas é possível que eu chame sim.

DC: O ex-governador Luiz Henrique foi apontado, várias vezes, pela imprensa estadual e nacional, como o campeão em número de secretários estaduais. Mesmo mantendo a descentralização, o senhor acredita que é possível redimensionar o tamanho da máquina e a quantidade de cargos no Executivo?
Colombo: As secretarias regionais representam meio por cento do custo da folha. Então, vou estudar isso com afinco. Quero tomar as decisões estratégicas e adequar a estrutura a partir de novembro.

DC: Qual sua agenda até o dia da posse?
Colombo: Depois do segundo turno presidencial, vou estudar a estrutura. A nossa ideia é definir de forma bem clara a filosofia do governo. Depois, definir a estrutura e a terceira coisa são as pessoas que vão participar dela.

DC: O senhor pretende tirar férias?
Colombo: Não. Devo fazer uma viagem à Espanha, num curso que eu faço todo ano no Partido Popular. Mas é uma coisa de três dias.

DC: Para a saúde, que foi o foco da sua campanha eleitoral, o senhor já tem uma ação definida para colocar em prática assim que assumir o cargo?
Colombo: Vamos começar, muito rapidamente, a tratar a questão das policlínicas. Acho que por ali a gente resolve muito dos gargalos do setor da saúde pública. Isso a gente vai começar a fazer de imediato. No primeiro semestre de 2001, as policlínicas vão estar em obras ou já constituídas em alguns lugares onde a estrutura já existe.

DC: O senhor está acompanhando a polêmica com o governo federal sobre o programa Pró-emprego? Qual sua opinião sobre o assunto?
Colombo: Quero estudar melhor. Estou tomando conhecimento dessa situação e a gente vai procurar, com bom senso, fazer o melhor. Não tenho ainda uma posição firmada.

DC: Nos primeiros dias após as eleições, o senhor admitiu que estava pronto pra falar de segundo turno e não como governador eleito. Agora, já está consciente da vitória de 3 de outubro?
Colombo: Já. Na verdade, vou ter a dimensão do meu trabalho a partir de novembro. Acho que eu contribuo nesta etapa do mês de outubro fazendo este trabalho que eu estou fazendo, de agradecimento aos eleitores, que é o meu dever, e também atuando na campanha para o Serra. Depois, a gente começa a produzir todas as ações.

 

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