Esportes | 30/09/2011 07h10min
Nei vive intensamente o Inter. Nesta temporada, conheceu as vaias e a consagração até num mesmo jogo. Foi contra o Avaí, em julho, na estreia do interino Osmar Loss, considerado pelo próprio lateral-direito como um marco em sua carreira no clube, iniciada em 2010. A partir de então, com liberdade maior para subir, cresceu de produção e se tornou uma das principais peças do time. A seu favor, ainda um fôlego diferenciado: é de longe o jogador com melhor desempenho físico do grupo, com números impressionantes.
> A força de Nei (1m75cm, 77kg)51,8% de massa muscular - a maior do grupo
8,7% de percentual de gordura - o menor do grupo
Corre de 10 a 12 km por jogo (às vezes, passa de 14 km)
Talvez por coincidência, a boa fase de Nei também tem a ver com o extra-campo. Apaixonado e noivando há quatro meses com a futura esposa Karen, irá documentar o casamento com ela na próxima quinta-feira. No final de 2012, irão sacramentar a relação no religioso.
— É uma pessoa que está me ajudando demais. Uma pessoa do mesmo jeito que eu, que quer sempre crescer — elogia Nei, 100 jogos a completar pelo Inter no domingo, diante do Atlético-PR, seu ex-clube.
> Confira trechos da entrevista do lateral que começou atuando de meia e se valeu das artes marciais como um refúgio para os momentos difíceis no futebol.
clicEsportes – Como era a relação com a torcida na época ruim?
Nei – Uma vez quase briguei, não por mim, mas pelo meu filho. Às vezes, está em um restaurante e alguém vem falar alguma coisa. Isso eu não admito. Do mesmo jeito que for o respeito comigo será para essa pessoa. Nunca critiquei a torcida do Inter, nem ninguém.
clicEsportes – Você está se sentindo mais confiante?
Nei – Sempre fui. Não estou mais confiante, mas com maior liberdade em campo. Antes, não tinha tanto. Que o momento é melhor, não resta dúvida. Tanto dentro como fora de campo. E isso ajuda muito. Há um tempo, eu lançava para o Damião e ele concluía para fora. Hoje, cruzo errado e ele faz o gol.
clicEsportes – No início do ano, houve especulação do Galatasaray. O quanto que foi real esse interesse?
Nei – Teve de Galatasaray, Roma, Paris Saint-Germain. Todos conversaram com meu empresário. Chegou coisa para o Inter, para mim, com salário, tempo de contrato. Mas não sou de ficar me aprofundando. E não fico só de fora do Brasil. No início do ano teve o São Paulo, também.
clicEsportes – E você chegou a efetivamente pensar em deixar o Inter?
Nei – Sou muito de pensar na família. E pensei muito depois do Gre-Nal, na derrota por 3 a 2 aqui (Beira-Rio, pelo Gauchão). Quando eu pegava na bola, era vaiado.
clicEsportes – O quanto que a vaia atrapalha o jogador?
Nei – Para mim não faz diferença nenhuma. Nunca tinha sido vaiado na vida e acabou acontecendo aqui. Depois do Gre-Nal, cheguei em casa e pensei muito. Acabou o jogo e recebi ligações de amigos. Tanto que viajei para Curitiba (depois do Gauchão). Fui visitar amigos no Atlético-PR. Recebi muito carinho lá e especularam minha volta. Fiquei três semanas em Curitiba (em tratamento para o joelho). O Adilson Batista veio conversar comigo e disse que me queria no time. Depois, cheguei a escutar que seria negociado após o Gauchão. Saiu uma matéria, não sei onde foi. Clube não iria faltar. Mas o Siegmann (ex-vice de futebol) veio falar comigo depois do Gre-Nal. Disse que não o Inter não ia liberar, que eu era um dos melhores do Brasil na posição.
clicEsportes – Qual foi o ponto de virada? O momento em que conseguiu dar a volta por cima no Inter?
Nei – Foi engraçado. Todo mundo fala da Copa Audi, mas acho que não, foi contra o Avaí. Fui muito vaiado antes de entrar em campo. Todo mundo me xingava no aquecimento, mas permaneci tranquilo. O Kleber e o Damião vieram falar comigo, para apoiar. Quando o jogo iniciou, foi uma reviravolta. Fui muito bem e de repente todo mundo começou a me aplaudir. Na hora em que terminou, todo mundo ficou batendo palma, gritando meu nome.
clicEsportes – O que representaram os aplausos no intervalo contra o Santos, quando a torcida o ovacionou no Beira-Rio?
Nei – Céu e o inferno? Se voltasse três semanas, seria vaiado quando estava com a bola. Agora estão me ovacionando. É o futebol. Se eu começar a ir mal, as vaias voltarão. Por isso eu vivo o momento. Não me abalo quando estão criticando e nem me vanglorio quando estou bem.
clicEsportes – No início do ano, volta e meia era poupado dos treinos por causa de dores no joelho. O quanto isso o atrapalhou?
Nei – Atrapalhou mais o desgaste. Depois que se tem uma lesão (com cirurgia, problema desde sua época de Atlético-PR), a rotina vai ser sempre diferente.
clicEsportes – Como foi o tratamento?
Nei – É um tratamento com óleo para lubrificação. Algumas vezes meu joelho estava inchado e funcionou. Foram três semanas de tratamento. Voltei na terceira rodada do Brasileirão. Era um bocado (dolorido). Mas dor nunca foi uma coisa que me tirasse de jogo.
clicEsportes – Você é um dos jogadores que mais se movimenta e corre nos jogos do Inter. Esse preparo físico já começa em casa?
Nei – Sempre me cuidei muito. Nunca bebi, fumei, odeio balada e nem tomo refrigerante. Nem sei como é a dor de uma lesão muscular, nunca tive.
clicEsportes – Vimos uma matéria de que você era um dos que mais corria no Brasileirão de 2008...
Nei – Eram 16 quilômetros por jogo. Me cuido muito. Sempre trabalhei musculação para manter a força.
clicEsportes - Sabemos que as artes marciais eram presentes na sua vida. Como elas o ajudaram no futebol?
Nei - Fiz quatro anos de Muay Thai e dois anos de jiu-jitsu (na adolescência). Agora, larguei. Se não, o joelho não aguenta. foi na adolescência. Em termo de vaias, ajuda por causa da concentração que adquiri.
clicEsportes – Desde as categorias de base era lateral-direito?
Nei – Eu jogava de meia na base do Bragantino. Fui para a lateral porque o jogador da função foi expulso em certa partida. Como eu sempre tive muita força, o treinador gostou. No jogo seguinte, no intervalo, voltei para a lateral. O treinador brinca brinca comigo hoje que não faço mais tantos gols. Como sabia marcar, atacar, subir de cabeça, acabei ficando na função.
clicEsportes – Tem contrato até quando? Já vieram falar contigo para renovação?
Nei – Tenho até o final de 2012. Ainda não vieram falar.
clicEsportes – E em relação à Seleção? Alimenta esperanças com o Mano Menezes fazendo testes? Vimos o Bruno Cortês (lateral do Botafogo), que foi muito bem.
Nei – Olha, não por mim, mas todo mundo falava que eu teria chance nessa convocação. Acho que criei uma expectativa pelos outros. Eu deixo acontecer. O Mano tem o jeito dele de pensar. Estou fazendo meu trabalho.
clicEsportes – Com a saída do Mário Fernandes, abriu espaço....
Nei – Não vou nem comentar... Mas não penso nisso. Estou focado totalmente no Inter.
Próximos jogos:
02/10 - Atlético-PR x Inter
09/10 - Inter x Vasco
13/10 - São Paulo x Inter
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