Problemas de indisciplina e de controle de peso quase tiraram a ginasta Adrian Gomes do esporte, quando ainda tinha 15 anos. Por sorte, a treinadora Adriana Alves conseguiu recuperar a atleta e hoje, seis anos depois, Adrian está no seu auge. Além de ter conquistado seu espaço permanentemente na seleção brasileira de ginástica artística, a jovem de 21 anos já carrega em sua bagagem o título de campeã estadual, um segundo lugar individual geral no Campeonato Pan-americano Interclubes, sendo campeã de salto, vice-campeã de trave e terceira de solo, fora uma terceira colocação no Campeonato Brasileiro Adulto.

Pouco ainda para o que Adrian vislumbra em sua carreira. Disputar, e vencer, claro, uma Olimpíada é o seu maior sonho. Antes disso, temos os Jogos Pan-americanos, que está sendo uma grande preparação para a ginasta.

A série de movimentos que será apresentada em Guadalajara, em outubro, já está praticamente pronta. O cronograma de treinamentos deixa espaço apenas para aperfeiçoamentos nesta reta final, a apenas três meses da competição. Mesmo executando movimentos nos quatro aparelhos (solo, salto, trave e barras assimétricas), seu ponto forte é mesmo o salto.

No início do ano, a ginasta realizou treinos físicos com musculação e aeróbica para recuperar a boa forma que, ainda assim, segundo a sua treinadora, precisa ser controlada. Por isso, recebe o acompanhamento constante de nutricionistas que repassam dietas específicas e suplementos de vitaminas e ferro. Para auxiliar na postura e na sustentação do corpo, aulas de balé e ginástica rítmica. E para evitar novas lesões, como as que resultaram em duas cirurgias no tendão de Aquiles em 2007, horas de fisioterapia preventiva no Grêmio Náutico União.

A disciplina que faltou a Adrian na adolescência está sendo fundamental neste momento. Junto da ginástica, ela se divide com os estudos no IPA, onde cursa Educação Física. Ao total, está matriculada em sete disciplinas, que frequenta no período da noite, após treinos de dois períodos durante toda a semana. Fora o cansaço, o desafio continua sendo o controle do peso. Não ceder às tentações de festas na faculdade e, principalmente, aos quitutes da vó são algumas das maiores dificuldades para a atleta.

Início da carreira
Adrian Gomes iniciou no esporte ainda muito pequena, entre os seis e sete anos de idade. A então menina treinava no Centro Estadual de Treinamento Esportivo (CETE), localizado no bairro Menino Deus, mesmo local onde a campeã mundial Daiane dos Santos foi descoberta (as duas, inclusive, se tornaram grandes amigas).

Um ano mais tarde, durante uma Copa Escolar, foi convidada para treinar no Grêmio Náutico União. No final de 1998, iniciou seu treinamento no clube porto-alegrense e, em 2005, foi convocada para treinar com a seleção olímpica permanente de Ginástica Artística, em Curitiba. Foi neste ano que acabou largando a ginástica artística. Mas a saudade e a paixão pelo esporte fizeram com que Adrian voltasse aos treinos. Durante alguns anos, treinou por conta própria em São Paulo e na UFRGS.

—  Eu tinha vergonha de pedir para voltar (ao GNU) — confessou a atleta.

Há dois anos, a treinadora Adriana Alves precisava completar a equipe do clube que disputaria o Campeonato Brasileiro e convidou Adrian para retornar. E as chances, que acabaram se perdendo nos últimos anos, foram agarradas com força pela ginasta, que dali em diante só cresceu. A confiança foi recuperada e hoje Adrian Gomes está de malas prontas para disputar os Jogos Pan-americanos*. Quem sabe, no ano que vem, as Olimpíadas também.

*A convocação oficial da seleção brasileira de ginástica artística para os Jogos Pan-americanos ainda não foi divulgada, tendo previsão para final de agosto e início de setembro. Adrian Gomes integrou a seleção em todas as últimas competições, sendo praticamente certa sua participação no Pan.