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 | 01/07/2011 08h10min

Gaúchos de olho no Pan: Samuel de Bona busca seu primeiro título internacional

Atleta vem conquistando espaço em âmbito nacional após quase desistir da carreira

Com apenas nove anos, Samuel de Bona iniciava no esporte, mas longe das piscinas. Antes de optar pela natação para seguir sua carreira, o jovem de 20 anos passou por todas as modalidades esportivas oferecidas pelo seu clube, o Grêmio Náutico União. Em nenhum deles conseguia atuar com bons desempenhos. Como a própria mãe do atleta, Inês Menegon De Bona, lembra, era muito desajeitado nos outros esportes. No futebol, um dos preferidos e mais disputados pelos garotos, mal tinha noção da distância da bola. Mas aí Samuel descobriu as piscinas e, dentro das águas, vencia os colegas com facilidade. A escolha pelas maratonas aquáticas veio com o tempo, com a ajuda e observação dos treinadores do clube. A resistência como ponto forte, até mais que a velocidade, foi determinante para o gaúcho crescer na modalidade, onde é preciso nadar de 5 a 10km, dependendo da prova.

 

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Samuel começou a despontar como uma das grandes promessas gaúchas a partir de 2005, quando consagrou-se vice-campeão brasileiro nos 1500m da categoria juvenil. Em 2008, chegou a largar o esporte após passar por problemas pessoais e despencar para a 63ª posição do ranking dos 1500m. O retorno às águas ocorreu um ano depois, com o grande apoio do seu técnico Christiano Klaser. A partir daí, Samuel só cresceu. Foram conquistas de etapas do Campeonato Brasileiro e provas tradicionais do circuito nacional como a Travessia dos Fortes, além de convocação para a seleção brasileira e disputas em etapas de Copa do Mundo.


 

 

Doping

Mas, junto das vitórias, o atleta sofreu também com um problema de gente grande. No início deste ano, Samuel foi pego em um exame de antidoping realizado em 14 de novembro de 2010. O resultado deu positivo para a substância metilhexaneamina, que diminui a sensação de fadiga e é considerada um estimulante não específico. Com isso, acabou suspenso por 30 dias e viu se perder sua maior conquista até então: o campeonato brasileiro de maratonas aquáticas. Como a última prova da competição, vencida por Samuel, foi anulada devido ao uso do estimulante, ele perdeu o título.

— Foi horrível, foi uma sensação de impotência. Eu cheguei a pensar se eu continuaria no esporte caso acontecesse o pior. Mas eu continuei treinando forte, pensando que tudo fosse dar certo, e, graças a Deus, deu —  desabafou o atleta.

O apoio da família foi fundamental para que o gaúcho continuasse forte dentro das águas. Mesmo abalado e triste, seguiu os conselhos dos pais e continuou treinando todos os dias durante o tempo em que precisou ficar de fora das competições. E apesar da decepção e do choque com a notícia, o melhor para Samuel ainda estava por vir. Em 2011, venceu a Meia Maratona Nacional de Porto Belo, a Travessia dos Fortes e a 2ª etapa do Campeonato Brasileiro de maratonas, fora ter garantido duas das vagas mais importantes da sua carreira: uma para o Mundial e outra para o Panamericano.

 

Treinamentos e preparação

Entre os dias 16 e 31 de julho, Samuel de Bona disputará o Mundial de Esportes Aquáticos, em Xangai, na China. Esse é o primeiro Mundial que o nadador disputa e ele já entra na água com a responsabilidade de tentar conquistar uma vaga olímpica.

—  Sei que é difícil. Vou com pouca experiência, podia estar com mais. Mas vou tentar. Já o Pan é outro foco, nós conhecemos melhor os adversários —  falou, otimista na busca de uma medalha em outubro.

Foto: Antônio Prado, Divulgação

Mesmo sendo um atleta de maratonas aquáticas, Samuel sofre com a falta de lugares para se treinar no Rio Grande do Sul. Na maioria das vezes, pratica nas piscinas do clube e precisa se adaptar na hora das provas. Como nada em mares abertos —  onde há ondas, repuxo, marola —  e em grandes percursos (5 e 10km), ressalta que é preciso estar preparado psicologicamente, até por causa do frio. No verão, costuma praticar, sem muita frequência, na sede do Grêmio Náutico União da Ilha do Pavão, mas acaba tendo de disputar o espaço das águas do Guaíba com os colegas do remo.

Esse é um dos motivos pelos quais Samuel de Bona viajou ao México junto da Seleção Brasileira para um período de três semanas de treinamentos. A altitude de 1900m de La Loma, cidade próxima a San Luís de Potosí, ajuda os atletas a trabalharem a resistência, já que o ar, mais rarefeito, "obriga" o organismo a produzir mais glóbulos vermelhos, deixando o sangue mais oxigenado. Ainda assim, o principal foco dos treinos foi trabalhar a velocidade dos maratonistas para arrancarem em pontos chaves das provas e não diminuirem o ritmo na reta final.

Além dos treinos em turno integral, ainda encontra tempo para manter os estudos no período da noite —  quando não está viajando, claro. Na faculdade do Ministério Público, investe, já há dois anos, em um dos seus sonhos, o Direito. Sonho, aliás, que só foi descoberto recentemente. Enquanto ainda estudava no colégio, Samuel apostava na Odontologia para seguir carreira após largar o esporte. Quando não passou no vestibular, percebeu que a profissão realmente não tinha nada a ver com ele. Na segunda tentativa, ingressou no Direito e hoje sequer consegue se imaginar vestindo um jaleco de dentista.

 

Confusão com a vaga do Pan

Uma confusão de interpretações causou apreensão entre os nadadores no mês de abril. Conforme matérias divulgadas tanto na Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos quanto na Confederação Sul-Americana de Natação, a 5ª Maratona Aquática Internacional de Santos decidiria quais atletas disputariam o Panamericano de outubro, quando, na verdade, o que estava em jogo eram as vagas dos países. Mesmo tendo garantido sua passagem para Guadalajara em fevereiro, quando chegou em segundo lugar na seletiva nacional de 10km, realizada em São Paulo, e se classificou para o Mundial de Xangai, Samuel viu publicarem os nomes de Allan do Carmo e Victor Colonese como os brasileiros que iriam ao Pan.

Foto: Fesporte, Divulgação

A confusão foi esclarecida pela própria CBDA no dia posterior à disputa, confirmando o gaúcho na competição. Só depois disso, o atleta pode comemorar.

—  Nós (Samuel e o treinador Christiano) sabíamos desse outro regulamento, então fomos atrás para tentar resolver. Aí quando saiu a confirmação de que eu iria pro Pan, eu pude finalmente ficar tranquilo e aproveitar —  disse.

Depois de todo o estresse e algumas noites mal dormidas, Samuel surge ainda mais motivado para conquistar uma medalha para o Brasil. Seria a vitória ideal para fechar com chave de ouro um ano que tem sido recompensante para o atleta. Melhor ainda, só se conseguir recuperar, em novembro, o título perdido em janeiro: o de campeão brasileiro.

CLICESPORTES
Genaro Joner / Agencia RBS

Samuel se prepara para as principais competições do ano: o Mundial e o Panamericano
Foto:  Genaro Joner  /  Agencia RBS


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