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Esportes  | 21/07/2011 07h10min

EXCLUSIVO: Luis Anápio abre o escritório e fala das mudanças no Inter

Dirigente vê reaproximação de Carvalho e quer somente atletas como protagonistas

Diego Guichard  |  diego.guichard@zerohora.com.br

“Os protagonistas devem ser os jogadores”. Foi com esse pensamento que assumiu o novo vice de futebol do Inter, Luis Anápio Gomes. Discreto e com temperamento leve, tem a sua gestão apoiada na contratação do gerente técnico Fernandão. Conta no Twitter? Nem pensar.

O dirigente concedeu ao clicEsportes uma entrevista exclusiva de 50 minutos, no escritório de importação em que trabalha, localizado na Avenida Carlos Gomes. Durante esse período, recebeu 12 ligações e três mensagens de SMS no iPhone. Ainda estranha a alta carga de telefonemas dos repórteres.

— O que ligam, você não imagina. É enlouquecedor. Mas já tinha mais ou menos a ideia do que seria — disse, logo no início da entrevista.

Foto: Diego Guichard

Formado na UFRGS em Engenharia e Arquitetura, é casado e tem dois filhos. Ao lado das fotos da família no escritório, exibe com orgulho medalhas das conquistas do Mundial de Clubes e da Libertadores.

Luis Anápio relutou inicialmente o convite de Giovanni Luigi para ser o homem do futebol. Foram “duas noites sem dormir”, segundo ele. Aceitou somente com a garantia de ter um gerente técnico ao seu lado.

O dirigente também disse que Fernando Carvalho se reaproximará do Inter. Tanto, que embarcarão juntos para a Alemanha durante a participação na Copa Audi.

Foto: Diego Guichard

Como sonho, quer ver o Beira-Rio modernizado. Luis Anápio é o pai da mudança de projeto do estádio – do modelo de recursos próprios para o de parceria. Como saldo disso, teve certa indisposição com a diretoria anterior.

Não se desligará da supervisão da reforma do Beira-Rio. Dividirá as funções no clube até que a assinatura do contrato com a Andrade Gutierrez seja oficializada – o que deve levar cerca de um mês.

Em relação ao novo técnico, espera um profissional experiente para comandar os jogadores do Inter. A decisão do nome, no entanto, deverá ficar para depois da Copa Audi.

:: VÌDEO: Dez perguntas para Luis Anápio



Confira como foi a entrevista:

clicEsportes – Como foi o convite para ser vice de futebol?
Luis Anápio –
Me planejava mais para o ano que vem. Foi precipitado por uma série de fatos. Mas essa mudança (saídas de Falcão e Roberto Siegmann) deveria ter ocorrido antes. Naquela época, foi uma surpresa. Agora, nem tanto porque já havia esse precedente.

Naquele momento, se estabeleceram regras para se adequar as minhas atividades. Não vivo do futebol. Tenho que trabalhar.

O futebol tomou uma dimensão que não permite amadorismo. Há um processo de profissionalização do clube que não tem como regredir. O Inter já teve 11 vice-presidentes. Hoje, são três.

Cerca de 85% do orçamento do clube gira em torno do futebol. O clube é muito profissionalizado na estrutura de profissionais, médicos, preparadores etc. Mas a parte gerencial precisa evoluir para esse caminho também.

clicEsportes – Quer dizer que a sua troca de função estava condicionada a contratação de um gerente de futebol?
Luis Anápio – Com certeza. Foi a condição. É um passo muito grande, importante. Foi uma das exigências para que existisse um diretor executivo.

Hierarquicamente, estarei acima junto com o presidente. Mas será o diretor executivo quem se aproximará do futebol. Quem tem mais conhecimento de vestiário, das malandragens dos caras? Tenho vaidade, como todos, mas não tenho obstinação para aparecer.

Não é aquela coisa de ter de ir a todos os treinos, viagens. Não é mais assim. Futebol evoluiu. É preciso ter um profissional para isso.

Foto: Diego Guichard

clicEsportes – Teme comparações com gestões anteriores?
Luis Anápio –
Não estou fazendo a menor restrição ao Siegmann. Foi um dos caras que mais deu força. Óbvio que ficou magoado com a saída. É uma coisa humana. Mas minha maneira de pensar é completamente diferente. Não estou lá para me expor ou completar.

clicEsportes – Qual tua experiência profissional no Inter?
Luis Anápio –
Com Fernando Carvalho, nos dois primeiro anos, fui vice de marketing. Foi uma situação parecida com a de agora. Não podia assumir porque viajava muito.... A primeira temporada foi muito complicada. Foi no ano em que o Inter escapou do rebaixamento.

Depois, foram três anos como vice de finanças até 2006. Trabalhar com finanças em clube de futebol é uma experiência inigualável. Eu via nitidamente o clube melhorando. Mas mesmo com uma melhor organização, o clube passa a ter maiores gastos.

Esse equilíbrio é difícil de atingir porque se trata de uma questão passional. É um tipo de administração diferente de empresa. É preciso ter os pés no chão. No futebol, o que define tudo é vencer ou não. Às vezes é preciso ganhar as custas de loucuras.

clicEsportes – Na sua gestão, Fernando Carvalho se reaproximará do clube?
Luis Anápio –
Sem dúvida. O Fernando Carvalho não iria para a Alemanha com “fulano ou ciclano”.

Ele vai estar com a gente sim. Tem muita credibilidade com jogadores, o respeito deles. Construiu isso ao longo dos anos.
 
clicEsportes – Como foi a negociação com Fernandão?
Luis Anápio –
O Fernandão surgiu por meio do Carvalho. O primeiro contato foi na época da vitória do Inter sobre o Figueirense.
O Carvalho sempre elogiou a visão de futebol do Fernandão. Claro, houve aquela estremecida antes, mas não vou me alongar nisso. O Fernandão é um cara com personalidade marcante que é ao mesmo tempo simples. Não é uma pessoa soberba.

Foto: Genaro Joner

clicEsportes – Quem deve ser protagonista no Inter?
Luis Anápio –
Protagonista ali dentro são os atletas. São esses que precisam estar na mídia. É a maneira que penso. Existia muito desconforto da forma que era conduzido anteriormente. Vem um cartola que quer ser o protagonista. Isso não e legal.

clicEsportes – E o treinador? Também pode ser protagonista?
Luis Anápio –
Um Falcão não admitiria uma situação dessas porque tem uma personalidade egocêntrica. Não vou entrar em questões comportamentais.
Certamente, foi o maior jogador da história. Não tem nada a ver uma coisa com a outra.
Ele tem que ser o protagonista.

clicEsportes – A política da venda de pelo menos um jogador por ano tem como mudar?
Luis Anápio –
Tão cedo não.

clicEsportes – O Inter ainda se reforçará mais para o decorrer do Brasileirão?
Luis Anápio –
O Jô é um cara que vai colaborar bastante. Deve chegar mais alguém. Nossa defesa está fragilizada, até em questão de quantidade. Acho que o Fabrício vai ficar só na lateral agora. Tenho a impressão que o Sandro Silva será utilizado na lateral-direita.

clicEsportes – Será possível manter Damião até o final do ano?
Luis Anápio –
Acho que vamos conseguir mantê-lo. A pior parte já passou. O Oscar também vai ficar.

clicEsportes – Além do Jô, chegará outro atacante?
Luis Anápio –
Sim, sim. E se sair o Damião, o que não acredito, certamente.

clicEsportes – O que espera do novo treinador?
Luis Anápio –
Que saiba montar e tirar o melhor proveito do grupo que tem. Que consiga achar soluções para dificuldades que se apresentam em todos os jogos. Enxergar bem futebol é meio caminho andado, mas são poucos que sabem.

Verá contra o Avaí que a nossa postura será completamente diferente. Há muitas coisas anímicas no futebol.

A exigência no Inter é muito grande. Tem que colocar um cara com imposição maior. O Osmar Loss é um cara muito competente, mas é jovem ainda. Entendemos que não seja a hora ainda.

clicEsportes – Em relação as obras no Beira-Rio, como se sucedeu?
Luis Anápio –
Essa mudança toda quem fez fui eu. Não largo a obra até termos assinado contrato com a construtora. Não deve demorar mais de um mês.

clicEsportes – Tem medo que essa demora cause um prejuízo maior?
Luis Anápio –
Se alguma coisa dentro de captação de recursos tinha alguma pendência, foi resolvido. Ficamos só pela parte contratual.

clicEsportes – Por quê a opção pelo modelo de parceria?
Luis Anápio –
Vejo que o modelo anterior, de recursos próprios, levaria o clube ao caos. Iria ser construído um estádio defasado e sem condições. Além disso, causaria um endividamento do clube irreversível. Enxerguei isso em um primeiro momento. Não tem como deixar o Inter quebrar. Essa mudança debandou um trabalho e um desgaste imenso, até com o ex-presidente (Vitório Pifferio) que pregava outro modelo.

A parceria é extremamente positiva para o Inter. A construtora vai explorar espaços que serão criados. Os camarotes serão explorados, mas serão refeitos.

clicEsportes – Quer dizer que o legado é mais importante do que a Copa?
Luis Anápio –
Será entregue um estádio em padrão fantástico. Para se ter uma ideia, a parte de iluminação aumentará 10 vezes. São legados que irão ficar. E não somente os jogos que serão disputados na Copa do Mundo. 

clicEsportes – Haverá necessidade de parar o estádio por um tempo maior (seis meses) para obras?
Luis Anápio – Não. Estou tratando disso. Eles vão intensificar as obras de forma agressiva durante a parada dos jogos no verão.

Enxergo que no final do ano que vem ou no início do outro, teremos um baita estádio, de nível internacional.



GRÁFICO: O calendário do Inter no Brasileirão


GRÁFICO: as declarações de Luigi, Siegmann e Falcão

 



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