A família Becker está em alta no Beira-Rio. Nessa quinta o novo titular da camisa 1, Muriel, apressou o passo ao fim do treino para deixar o gramado suplementar e ir até o principal para acompanhar a decisão do Gre-Nal de juniores nas penalidades. Sob as traves do gol colorado estava Alisson, 18 anos, irmão do profissional, que havia ingressado na partida semifinal devido à lesão de Copetti. O garoto, que chegou ao clube como volante há cerca de oito anos antes de mudar de posição, defendeu uma cobrança e acabou garantindo o Inter na final do estadual da categoria.

Foto: Juliano Schüler

– Fiquei muito feliz pelo meu irmão ter defendido um pênalti e ter levado o Inter para a final – disse Muriel na coletiva, antecipando que a conta da janta seria do irmão mais novo.

Mas Alisson retrucou em tom de brincadeira:

– Vou pagar nada, ele ganha muito mais que eu.

A vocação e a preferência pela luvas em vez das chuteiras está no DNA da família Becker. O bisavô deles era goleiro de um time amador do Vale do Sinos. Muriel e Alisson Becker são naturais de Novo Hamburgo. O avô chegou a se aventurar como "centromédio" do Americano, mas não deu muito certo. Nas peladas com os amigos, o pai deles, José Becker, atua na posição. A mesma coisa ocorreu com a mãe, dona Magali, nos tempos de colégio. Ela também era goleira, mas do time de handebol da escola.

Alisson está no Beira-Rio desde os 10 anos. Chegou para testes como volante. Mas trocando os pés pelas mãos.

– Quando vim para o Inter fiz um treino como volante na Escola Rubra. Só um. Mas daí acabei vendo que o negócio era ir pro gol. Eles não tinham goleiro, então eu fui – contou Alisson.

O garoto de 18 anos e 1m93cm acompanhou nervoso a estreia de Muriel como titular do time de Falcão, no domingo passado, diante do Coritiba. Acompanhou o jogo como torcedor e ficou impressionado com a quantidade de pessoas que mandou apoio a ele. Inclusive, um ídolo dos dois: Taffarel, ex-goleiro do Inter e da Seleção Brasileira. Mas Alisson já se mostra dividido

– Agora é meu ídolo em parte, porque meu ídolo aqui é o Muriel.

O maior sonho dele no momento é chegar ao profissional e participar da mesma rotina de treinos do irmão mais velho. Muito apegados, não consegue prever o tamanho da emoção se um dia isso acontecer:

– O dia que isso acontecer e a gente concentrar junto, vamos estar nos abraçando no quarto e chorando de emoção – completou Alisson.

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