Os três gols de Júnior Viçosa em dois Gre-Nais consecutivos devolveram às manchetes esportivas uma expressão típica do maior clássico do Rio Grande do Sul: o "Homem Gre-Nal". Na semana que antecede o confronto decisivo do Gauchão no próximo domingo, o clicEsportes relembra alguns jogadores que ajudaram a eternizar esse rótulo mais do que positivo. A série revisita hoje a história de Jorge Veras, um cearense que marcou quatro gols em Gre-Nais em apenas sete meses.

> ENQUETE: Quem será o homem Gre-Nal do próximo domingo?

Bastou um jogo para Jorge Veras conhecer o melhor lado de um Gre-Nal. Em sua estreia como titular do Grêmio em 29 de março de 1987, o cearense egresso do Criciúma marcou os dois gols do 2 a 1 no Olímpico, pelo Gauchão. Um começo promissor para quem chegou com a inglória missão de substituir Renato Portaluppi, que rumava para o Flamengo. Hoje, aos 51 anos, ele comanda o departamendo amador do Fortaleza e não se esquece da desconfiança que pairava sobre o seu nome antes de marcar quatro gols sobre o Inter em sete meses de Grêmio.

— Me lembro que o Paulo Sant'Ana tinha dúvidas quanto ao meu futuro no clube. Ele escrevia em suas colunas que eu não seria a melhor alternativa para Renato — recorda, feliz por conseguir provar o contrário. — Aqueles gols foram importantes para a minha sequência no Grêmio. Deus me iluminou.

Hoje, Veras comanda base do Fortaleza
Foto: Ulisses Job

Se o primeiro clássico trouxe tranquilidade para o novato, a fama de Homem Gre-Nal só foi se espalhar quatro meses depois, na decisão do Gauchão daquele ano. Na vitória tricolor por 3 a 2 que rendeu o tricampeonato, Jorge Veras marcou uma vez. Nascia ali um especialista em clássicos. Veras protagonizou memoráveis duelos com o lateral Luís Carlos Winck e o goleiro Taffarel. Dizia-se, na época, que a dupla colorada "tremia" só de ouvir o nome do atacante gremista. Lenda, na opinião de Veras.

— A imprensa criou essa polêmica, mas isso não existia. O que havia, sim, era um duelo sadio, com muito respeito — desconversa.

O fato é que Veras, sistematicamente, cruzava o caminho e a sorte de Taffarel. No Brasileirão de 1987, calou o Beira-Rio e quebrou a impressionante marca de 900 minutos sem levar gol sustentada pelo goleiro colorado. Na conta final, quatro gols e um título sobre o rival. E o mais importante: o ingresso na seleta galeria de Homens Gre-Nais.

Winck e Veras, duelo dos anos 1980
Foto: Banco de Dados

O sucesso do passado reverbera hoje. Identificado com o Grêmio, Veras assiste aos jogos do Gauchão pelo pay-per-view. Gostava do futebol de Júnior Viçosa desde os tempos de Asa de Arapiraca, quando acompanhava de perto os adversários do Fortaleza na Série B de 2010. Os três gols nos últimos dois Gre-Nais só confirmaram a boa impressão sobre o garoto.

— É um grande jogador. Joga mais centralizado, enquanto eu atuava mais aberto pela esquerda. E é mais um atleta do Nordeste (Viçosa é alagoano), como eu, que está vencendo na vida. Estou na torcida.

Neste domingo, às 16h no Olímpico, os gremistas também estarão, Veras.


O próximo Homem Gre-Nal


Fernandão, ídolo colorado, relembra o gol mil do Gre-Nal, marcado em 2004, em sua estreia pelo clube.

"Quando fiz o gol, não lembrei que era o milésimo"

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Na quarta-feira, clicEsportes conversou com Fabiano, eternizado pelo clássico do 5 a 2, no Olímpico em 1997. Aposentado dos gramados, guarda com carinho os bons tempos de Gre-Nal:

"Os gremistas me respeitam até hoje"


Na terça-feira, o clicEsportes conversou com Alcindo, o Bugre, 12 gols em Gre-Nais. Do conforto de seu lar, se empolgou com Júnior Viçosa e relembrou os bons tempos.

"Os torcedores iam a campo para ver quantos gols eu marcaria no Inter"