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Esportes  | 16/04/2011 08h15min

Procurador de Falcão há 30 anos garante: "Ele vai atrás de sua vocação"

Amigo do ídolo colorado, Cristóvão Colombo acompanhará estreia do técnico pela TV

Lucas Rizzatti  |  lucas.rizzatti@zerohora.com.br

Grande promessa da base colorada, o magricela Falcão não cabia em si de felicidade com a convocação para a seleção olímpica, em 1972. Aos 18 anos, foi levado pela mão até uma loja de ternos. Afinal, o garoto precisava se apresentar bem vestido à CBF. Quem pensaria nesse detalhe? Cristóvão Colombo, o então diretor do futebol amador do Beira-Rio. Neste sábado, Colombo não ajudará Falcão a escolher a melhor roupa para a sua reestreia como técnico do Inter contra o Santa Cruz, às 18h30min. Mas, de São Paulo, vai acompanhar com atenção, pela TV, o novo desafio do amigo que conhece há quase 40 anos.

Padrinho de casamento, companheiro, confidente, conselheiro... são tantas as funções de Cristóvão Colombo Reis Miller, 66 anos, na vida de Falcão que coube ao próprio técnico definir muito bem, certa feita: Colombo é uma "bússola" para ele. Para o mundo, Colombo (que ganhou o nome por ter nascido num sugestivo 12 de outubro) ficou conhecido como um negociador impecável, capaz de fazer o dirigente mais irredutível mudar de ideia.

Assim, convenceu o então presidente do Inter, José Asmuz, a vender Falcão para a Roma, em 1980. Neste momento, Colombo não era mais integrante da base do clube. Com a confiança do craque, passou a dedicar-se exclusivamente aos interesses do jogador. Colombo garante: não era uma relação fundada nos ganhos financeiros — tanto que há 43 anos se notabiliza como um influente advogado. Atua na área de direito imobiliário.

— Trabalho como um mouro — compara, por telefone, em meio à rotina intensa no escritório que comanda no coração da capital paulista, onde mora há 25 anos.


Colombo com Falcão, na década de 1980
Foto: Bando de Dados ZH


Nos tempos de Itália, Colombo fez tanta fama nos bastidores quanto Falcão nos gramados. Chegou a discutir com o primeiro ministro da época, Giulio Andreotti, na complicada renovação do jogador com a Roma. Suas habilidades o alçaram a um honroso status, de percursor da figura do procurador na comunidade europeia. Nos últimos anos, foi representante da Roma na América e, até hoje, se dedica a auxiliar Falcão nos negócios.

— Tudo que envolve contratos, namoro e casamentos sempre foi comigo — brinca.

Colombo tangencia e aposta na modéstia. Prefere não se considerar tão protagonista como parece. Mas foi participante ativo no retorno do ídolo ao Beira-Rio, decisão que entende como natural, uma questão de tempo. Falcão já se preparava para isso desde junho do ano passado. Tanto que havia pedido à Rede Globo para não viajar durante a Copa. Queria ver o maior número possível de jogos pela televisão.

— Isso foi sempre um plano. E o tempo passa e a pessoa vai procurar a sua vocação — avalia.


Colombo, um habilidoso negociador
Foto: Bando de Dados ZH


Para Colombo, os 15 anos de Falcão como comentarista lhe deram mais experiência e capacidade do que muito técnico com esse mesmo período na casamata. Mas o otimismo tem uma ressalva: vida de técnico reserva dores de cabeça e "implica maiores aflições".

Procurador por amizade à Falcão e advogado por competência, Colombo ainda encontra tempo e motivação para escrever. É poeta, e dos bons - garante Ernesto Guedes, técnico de futebol e grande amigo de Colombo. Guedes treinou Falcão dos 13 aos 16 anos, o recuou para volante e não cansava de alertar o então diretor da base vermelha para as qualidade do garoto. Mesmo inserido no contexto do esporte e próximo a figuras como Enio Andrade, Rubens Minelli, Fabio Capello e Carlo Ancelloti, Colombo confessa a sua pouca aptidão para análises táticas mais profundas. Negócios, leis e letras, tudo isso ele domina. Mas, no futebol, ele se deixa levar:

— Vejo os jogos com emoção. Sou um torcedor do Inter.

E assim Cristovão Colombo fará neste sábado, ao lado de um de seus quatro filhos, Marco Antonio, de 12 anos, afilhado de Falcão. Grudados na TV, pai e filho vão torcer duplamente: pelo time e pelo técnico. Na terça, no desafio pela Libertadores contra o Emelec, a emoção será ainda mais intensa: a convite de Fernando Carvalho, Colombo rumará ao Beira-Rio, onde tudo começou.


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