| 29/05/2009 17h05min
Atendimento da Brigada Militar a uma ocorrência em uma loja de informática na zona norte de Porto Alegre causou constrangimento nesta sexta-feira. Contrariado por não ter seu problema resolvido no prazo prometido, o consumidor Eduardo Luiz da Rocha Faria, que é sargento do Batalhão Ambiental da Brigada Militar, chamou a polícia. Foi o começo de uma série de desentendimentos.
De acordo com o gerente da CH Informática, Miguel Meireles, a ação foi "constrangedora":
— Nosso cliente tinha total razão, eu mesmo coloquei ele em contato com o fabricante em São Paulo. Não compete a nós, que somos só uma assistência técnica. Ele estava ciente, mas por ser policial, resolveu chamar o batalhão da Brigada. Em cinco minutos, havia duas viaturas na frente da loja. Chegaram às 11h15min e saíram às 13h10min. Nossos clientes e funcionários se assustaram, tinha
brigadiano saindo e entrando na loja o
tempo todo, nos intimando. Eles queriam que assinássemos um termo circunstanciado, mas nosso advogado nos orientou a não assinar nada, então eles nos ameaçavam dizendo que teríamos que ir para o Batalhão. Foi uma agressão.
Para resolver o problema, o comandante do 11º BPM mandou ao local, na Avenida Ceará, o capitão Magalhães. Em outra viatura, Magalhães chegou ao local e logo a situação foi contornada. O capitão admite uma certa "precipitação", mas nega qualquer constrangimento e diz também que apenas uma viatura havia ido ao local, além da dele:
— Houve uma certa precipitação em fazer o documento. Não precisava ser um termo circunstanciado, foi feito um boletim de atendimento para ele buscar os seus direitos. O termo chegou a ser confeccionado, mas a gente conversou e tudo se resolveu. Intimidação não houve. Nosso meio de locomoção é a viatura ostensiva, o que vamos fazer?
Meireles, que trabalha durante o dia na loja, e à noite como professor na
Escola Anne Frank, alega ter passado
por duas situações opostas em dois dias:
— Ontem, um aluno foi esfaqueado no colégio, saiu na imprensa e tudo. Era um caso de vida ou morte. Chamamos a Brigada e ela levou 25 minutos para aparecer. Hoje, por causa de um problema de Procon, eles vieram em cinco minutos. Para que 10 homens e três viaturas envolvidos nisso? — questiona.
Responsável pelo comando do 11º BPM, o major Minuzzi também nega qualquer intimidação. Segundo ele, os policiais só souberam que o chamado havia sido feito por um colega quando chegaram ao local. O longo tempo que os homens permaneceram na loja (duas horas, segundo o gerente) se deve justamente à peculiaridade do caso:
— O caso é da esfera cível, isso gerou uma certa dúvida na guarnição e eles demoraram um pouco mais. Então, mandei meu oficial de serviço para ajudar. Mas o nosso tempo para chegar a uma ocorrência é esse mesmo, de 5 a 15 minutos, no máximo 20. Só que existem horários de pico, em que a demanda é muito
grande e as viaturas demoram mais.
Pode ter sido isso o que aconteceu ontem.
Comandante do Policiamento da Capital da Brigada Militar, o coronel Jones Calixtrato dos Santos admitiu que a ocorrência foi feita com fins particulares e prometeu investigar administrativamente os detalhes:
— O sargento acionou os policiais para irem lá resolver um problema particular dele. Vamos encaminhar ao Batalhão Ambiental um documento para que eles tomem as providências que quiserem. Com relação aos policiais do CPC (Comando de Policiamento da Capital) que foram lá, pedi para o major apurar os fatos e vamos ver se houve algum excesso.
Procurado por Zero Hora, o sargento Eduardo disse que seu problema era com a loja, e que não tinha "nada a declarar".
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