| 20/12/2008 18h16min
As autoridades do Canadá informaram neste sábado que concederão 4 bilhões de dólares canadenses (US$ 3,24 bilhões) às montadoras dos Estados Unidos para que mantenham suas operações no país, diante do temor de que fecharão suas fábricas de produção.
O valor, que será fornecido pelo governo federal (2,7 bilhões de dólares canadenses) e pelo da província de Ontário (1,3 bilhão), corresponde a um quinto dos empréstimos que os Estados Unidos concederam na sexta-feira à General Motors (GM) e à Chrysler para evitar seu colapso.
O primeiro-ministro canadense, Stephen Harper, anunciou a ajuda às montadoras durante uma entrevista coletiva conjunta com o primeiro-ministro de Ontário, Dalton McGuinty, na cidade de Toronto.
— Esta é uma medida lamentável, mas necessária, para proteger a economia canadense. Os contribuintes canadenses agora esperam que o dinheiro seja utilizado para reestruturar e renovar o setor automotivo neste país e garantir que o Canadá
mantenha a cota atual de produção do
mercado americano — disse Harper.
Cerca de 20% da produção das chamadas "Três Grandes de Detroit" (GM, Chrysler e Ford) é feita no Canadá, e Ottawa quer manter no futuro este número.
Além disso, o setor automotivo representa 14% da produção industrial do país e 23% das exportações manufatureiras canadenses, e emprega diretamente 150 mil pessoas.
Desemprego
Um estudo recente do governo de Ontário destacou que a economia canadense corre o risco de perder até 582 mil postos de trabalho se a General Motors, a Ford e a Chrysler interromperem suas atividades no país.
Como nos Estados Unidos, a situação da economia canadense forçou o Executivo conservador de Harper a conceder, de má vontade, bilhões em ajuda às fabricantes de automóveis.
Em 14 de outubro, Harper venceu eleições gerais nas quais assegurou várias vezes que a economia canadense se encontrava em perfeito
estado, e se comprometeu a manter o superávit fiscal.
Desde sua vitória nas
urnas, a mensagem de Harper gradualmente ficou mais pessimista até o ponto em que foi forçado a admitir que o país se encontra em uma recessão que poderia se tornar uma depressão.
Prejuízos
O governo canadense também teve que fazer alterações nas previsões sobre o superávit fiscal e agora está previsto que o país sofra um déficit de cerca de 30 bilhões de dólares canadenses (US$ 24,3 bilhões).
O Canadá é o único membro do Grupo dos Sete (G7, que reúne as nações mais ricas do mundo) que tinha mantido superávits fiscais de forma ininterrupta durante os últimos 12 anos.
Sem os 4 bilhões de dólares canadenses de empréstimos anunciados hoje, era quase certo que as Três Grandes de Detroit reduziriam ao mínimo, ou inclusive parariam, sua produção no Canadá, o que causaria a demissão de centenas de milhares de trabalhadores e aprofundaria a crise econômica do país.
Neste sentido, o
primeiro-ministro de Ontário disse hoje que as autoridades não estão dispostas
a que isto ocorra.
— O que o primeiro-ministro e eu estamos dizendo é que vale a pena lutar por essa gente e por seus trabalhos — disse McGuinty.
Como nos Estados Unidos, a ajuda tem condições. Os dois governos (o federal e o provincial) verificarão como o dinheiro será gasto.
Harper e McGuinty também disseram que esperam que "todos os interessados no setor automotivo façam de tudo para reduzir os custos estruturais e assegurar uma indústria automotiva viável no Canadá".
Este último ponto é uma clara alusão a que o sindicato canadense do automóvel, Canadian Auto Workers (CAW), faça concessões trabalhistas para aumentar a competitividade das fábricas do país.
O governo canadense também anunciou ajudas para as fabricantes de autopeças utilizadas pelas Três Grandes e para que os consumidores tenham acesso a empréstimos com os quais comprar veículos.
Entenda a
crise:
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