| 23/09/2008 15h14min
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse acreditar que houve "um avanço importante na ONU (Organização das Nações Unidas)", com a decisão da Assembléia Geral de passar para uma fase de negociações sobre o Conselho de Segurança (CS):
— Acho que este é um tema que pode avançar neste ano — afirmou ele, em entrevista.
Segundo o ministro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tocou no assunto com o presidente da 63ª Assembléia, Miguel d'Escoto, no encontro que teve hoje na ONU. Para Amorim, no entanto, é preciso que haja um fato que leve a todos os membros à percepção "da urgência" da reforma:
— Isto talvez não esteja tão presente.
O ministro afirmou que, pela primeira vez em 15 anos, há uma decisão de negociar com relação ao CS.
— Esta foi uma decisão tomada por unanimidade pela Assembléia Geral — disse.
No encontro bilateral que teve com a secretária de Estado norte-americano,
Condoleezza Rice, nesta segunda, o ministro contou que conversou sobre
o artigo escrito por ela para a revista Foreign Affairs sobre o CS. Ela focou em Índia e Brasil, afirmou Amorim:
— É por isso que se precisa reformar o Conselho de Segurança — disse o ministro, citando o texto.
— Então, é preciso tirar as conclusões.
Com relação aos discursos proferidos no debate da Assembléia Geral, Amorim destacou ainda as observações do presidente da França, Nicolas Sarkozy, sobre a realização de uma conferência para discutir temas financeiros internacionais:
— O presidente (Lula) até elogiou as medidas tomadas pelo presidente Bush (George W. Bush, dos EUA), mas é preciso ir mais longe, ver como isto pode afetar ou não afetar outros países — afirmou.
O ministro afirmou que Lula "falou muito forte" com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que a organização deveria estar mais presente na discussão.
Sobre o fato de que o presidente dos EUA não mencionou com profundidade
a crise financeira em seu discurso na Assembléia, o ministro optou por
não fazer um julgamento, evitando comentar sobre se a falta de detalhes do presidente norte-americano sobre a crise seria um balde de água fria.
— Vem um balde de água fria e, depois, um de água quente — disse, ao fazer referência ao presidente francês, que mencionou com ênfase a crise financeira.
— De qualquer maneira, referiu-se ao tema.
Visões diferentes
— Nós sabemos que há visões diferentes. Desde o primeiro discurso que o presidente Lula fez aqui havia um contraste do discurso do presidente Lula com ênfase em fome e pobreza e o do presidente Bush com ênfase em terrorismo. Cada em tem suas prioridades e cada um vê o mundo a sua maneira — disse Amorim.
— Também não deixei de achar interessante que tenha feito referência à pobreza e à miséria como terreno fértil para o terrorismo — afirmou.
— E neste contexto falou algumas coisas também interessantes e
positivas.
Amorim disse que não voltou ao assunto da quarta frota com a
secretária norte-americana:
— Já falei o que tinha o que falar com ela — disse.
— Ela sabe nossa opinião. Achamos que politicamente é um erro. Enquanto respeitar o direito internacional, respeitar as águas brasileiras e não for usado de maneira bélica — afirmou.
— Tudo bem não — reagiu a um comentário de um jornalista sobre a frota naval norte-americana.
— Era melhor que não tivesse, pois a percepção não é positiva. A percepção é tratar a América Latina e do Sul como crise, coisa que não é. Fora disso, tudo bem.
Bolívia
Sobre a Bolívia, o ministro mencionou que as negociações sobre a crise estão evoluindo, mas afirmou que a constituição do país vizinho está mais "difícil". Há uma reunião marcada para a quinta-feira, depois que o presidente boliviano, Evo Morales, retornar da viagem para Nova York.
Segundo o ministro, Lula falou sobre CS com presidente da Assembléia Geral da ONU
Foto:
Frank Franklin II, AP
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