| 07/06/2005 15h07min
O aumento de imigrantes bolivianos no Brasil é uma das conseqüências sociais da crise política que afeta a Bolívia. A afirmação é do professor e especialista em Cências Plíticas pela Universidade de São Paulo (USP), Günther Rudrit.
Segundo Rudrit, muitos bolivianos estão se deslocam para o Brasil, principalmente para os Estados do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul. Eles chegam ao país sem qualificação ou emprego e acabam nas ruas mendigando. Essa situação de pobreza, segundo o professor, pode causar um aumento da violência urbana no Brasil.
– Em Campo Grande há muitos deles pedindo esmolas na rua, o que aumenta a pressão social por aqui– explica o professor.
Uma outra conseqüência da crise boliviana que já afeta o Brasil e outros países da América do Sul diz respeito ao mercado de gás e petróleo, os hidrocarbonetos. Para o especialista, a possibilidade de um corte no fornecimento de gás poderá afetar seriamente a economia brasileira. A solução, segundo ele, será procurar novas alternativas em países como o Peru ou em outros locais do território nacional, como a bacia de Santos.
– A Petrobrás já disse que paralisou qualquer plano de investimento para reavaliar a situação. Nos termos técnicos, isso significa que não vamos mais investir e que vamos buscar outras alternativas. A Petrobrás, que tem altos investimentos, sofre o risco desses postos (de petróleo) serem nacionalizados, e não poderá investir mais lá porque os impostos serão tão altos que quase não haverá retorno financeiro– afirma.
Segundo Rudrit, o governo brasileiro terá ainda de lidar com uma terceira conseqüência da crise boliviana: terá de decidir se apóia ou não a independência do país. Esse é um desejo de parte da população que está nas ruas protestando.
– O governo brasileiro cairá num dilema. Uma separação boliviana, de imediato, seria economicamente mais vantajoso para o Brasil. Contudo, politicamente o governo brasileiro entraria numa situação delicada.
A crise da Bolívia culminou com o segundo pedido de renúncia do presidente Carlos Mesa, na noite desta segunda, dia 6, a ser ainda avaliado pelo Congresso. Há mais de duas semanas, os trabalhadores e grupos indígenas daquele país reivindicam maior representatividade dos índios no governo e nacionalização das reservas de gás natural.
As informações são da Agência Brasil.
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