| 06/06/2005 20h08min
O presidente da Bolívia, Carlos Mesa, foi obrigado a deixar nesta segunda, dia 6, a sede do governo devido à ameaça representada pela grande manifestação em curso em La Paz, durante a qual foram registrados vários enfrentamentos com as forças policiais.
Fontes do Executivo informaram que o governante boliviano deixou a sede da presidência por volta das 13h3min (14h30min de Brasília), quando aumentou a quantidade de pessoas que seguia em direção à Praça Murillo, onde também ficam o Palácio do Congresso e a Chancelaria.
O porta-voz da presidência, Osvaldo Candia, declarou aos jornalistas que os principais assessores de Mesa o aconselharam a deixar o palácio, sugestão que foi aceita imediatamente pelo governante e pela maioria de seus colaboradores.
Quando voltou à sede do governo, no fim da tarde, Mesa apressou-se em desfazer os boatos que já circulavam pelo país. Por meio de seu porta-voz, disse que continua no cargo.
Durante mais de uma hora, os manifestantes se concentraram a uma quadra da praça. No local, eles explodiram petardos e pequenos explosivos com dinamite, comuns nos protestos sindicais do país.
O cerco dos manifestantes foi repelido por dezenas de polícias com bombas de gás lacrimogêneo e um veículo antidistúrbios. Ao mesmo tempo, cerca de 50 soldados do exército entrou na sede do governo. Alguns, armados com fuzis, se posicionaram nas entradas de ruas adjacentes. A defesa da Praça Murillo foi comandada pessoalmente pelo ministro do Governo (Interior), Saúl Lara, que ficou na porta do palácio mesmo depois da saída de Mesa e de outros altos funcionários. Aproximadamente dez pessoas foram detidas pela polícia por posse de explosivos, segundo relatos extra-oficiais.
O protesto de segunda em La Paz, o maior dos últimos meses, foi protagonizado por habitantes da cidade de El Alto e por camponeses, professores e mineradores. A greve em El Alto e os bloqueios nas estradas da Bolívia, ações incentivadas pelo Movimento ao Socialismo (MAS) há duas semanas, exigem a convocação de uma Assembléia Constituinte e a estatização dos campos de petróleo e gás natural.
As informações são da agência EFE.