| hmin
Dois meses depois da eclosão do escândalo político envolvendo seu nome, o ex-assessor do Planalto Waldomiro Diniz disse nesta terça, dia 13, estar envergonhado pelo "pecado'' de ter tentado ajudar um amigo. Em uma possível alusão ao ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, a quem foi subordinado no governo Luiz Inácio Lula da Silva, Waldomiro pediu desculpas pelo "constrangimento'' causado.
Ao depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro que investiga sua atuação à frente da Loteria do Estado do Rio de Janeiro (Loterj), Waldomiro negou que tenha pedido propina e dinheiro para campanhas eleitorais ao empresário do jogo Carlos Ramos, o Carlinhos Cachoeira, em 2002.
– Cometi um pecado ao tentar ajudar o amigo Armando Dili. Ao tentar ajudá-lo me tornei refém de uma engenharia criminosa, de uma gravação premeditada feita por uma pessoa inescrupulosa, que fez para aferir benefícios financeiros em seus negócios – disse Waldomiro referindo-se a Cachoeira.
O ex-assessor repetiu o que já dissera à revista Época, quando da veiculação de fita de vídeo mostrando encontro dele com Cachoeira em 2002: o 1% de propina mencionado na fita seria para ajudar Dili, que teria deixado a Loterj para trabalhar com o empresário Carlinhos Cachoeira, que não estaria pagando o salário prometido.
– Quero dizer à CPI e ao Brasil que o homem que aqui está é uma pessoa envergonhada, de alma quebrada. Mas não tenho medo de ser investigado – disse Waldomiro, acrescentando desejar que a verdade seja estabelecida.
– Para que eu possa voltar a olhar para os meus amigos, filhos, pais – disse com voz embargada, e continuou "para aqueles que sempre depositaram em mim, em 23 anos de carreira pública, total confiança e hoje são cobrados como se fossem beneficiados pelos meus atos. Peço desculpas pelo contrangimento que causei''.
A reportagem publicada no dia 13 de fevereiro deu início à mais grave crise política do governo Lula, com a oposição ''batendo'' no ministro Dirceu e pedindo a instalação de uma CPI no Congresso Nacional para investigar o caso.
Já sobre seu trabalho durante o governo Lula, o Ministério Público denunciou Waldomiro por supostas irregularidades nas negociações para a renovação do contrato da Caixa Econômica Federal com a multinacional Gtech, gerenciadora de loterias federais.
As informações são da agência Reuters.