| 06/04/2004 18h23min
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu adiar para a próxima semana o encontro que faria na próxima quarta, dia 7, com os dirigentes do PMDB. Com isso, o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), também adiou discurso que faria em plenário na tarde desta terça para fazer cobranças do governo, principalmente mudanças na economia.
Oficialmente, o encontro teria sido adiado pelo fato de o presidente querer esperar a recuperação do ministro das Comunicações, Eunício Oliveira, que estava internado até esta manhã, em São Paulo, com uma infecção urinária. O ministro deve retornar a Brasília nesta tarde, mas ficará em repouso até o final da semana, retornando ao trabalho na próxima segunda, dia 12.
Segundo alguns parlamentares ligados ao governo, porém, o encontro foi adiado para ganhar tempo e dissuadir Calheiros de fazer um discurso duro cobrando mudanças no governo, que seria prejudicial num momento em que os ânimos não estão ainda completamente serenados em relação ao escândalo Waldomiro Diniz e aos pedidos de CPI por parte da oposição.
Na semana passada, durante um encontro do partido com o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, o PMDB cobrou uma participação mais efetiva no governo Lula. Para isso, o presidente marcou o encontro com os dirigentes peemedebistas. Nesta reunião, o PMDB pretende sugerir um "pacto pelo desenvolvimento'', uma agenda de projetos a serem votados no Congresso que poderiam ser agilizados.
Além da questão econômica, o discurso de Calheiros seria uma forma de pressionar o governo em relação ao acordo fechado no início do mandato de Lula, pelo qual o líder do PMDB teria apoio do governo para se eleger presidente do Congresso no próximo ano. O acerto foi feito na ocasião para garantir unidade do partido na eleição do também peemedebista José Sarney (AP) para o cargo.
Calheiros está irritado porque, contrariando o acordo com o PT, tramita no Congresso uma proposta de emenda constitucional (PEC) que permite a reeleição dos presidentes da Câmara e do Senado. A emenda, que tem o apoio de alguns líderes, poderia ser uma forma de o governo agradar Sarney.
– Estou na comissão e vou votar favorável, mas o governo não vai se envolver porque é um assunto interno da Casa – disse o líder do governo na Câmara, Professor Luizinho (PT-SP).
O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), procurou reforçar a idéia de que o governo não vai se envolver na questão.
– Esse problema da reeleição é um problema exclusivo do Legislativo, não é matéria de governo... Vamos aguardar uma definição da Câmara – disse Mercadante.
A PEC da reeleição está sendo analisada por uma comissão especial na Câmara dos Deputados, mas nem seu cronograma de trabalhos foi definido até o momento. Segundo o presidente da Casa, João Paulo Cunha, que também gostaria de continuar no cargo, a idéia é votá-la ainda no primeiro semestre. Isso pode ser dificultado pela quantidade de medidas provisórias que tem chegado ao Congresso.
Com informações da agência Reuters.