| 17/08/2010 07h45min
Quanto mais perto do horário da grande final da Libertadores, maior o desespero dos torcedores sem ingresso e maior a probabilidade de sócios lucrarem com o aluguel de suas carteirinhas. Uma vaga no Beira-Rio amanhã está valendo centenas de reais num comércio paralelo, que ultrapassa os cambistas de rua e transforma redes sociais na internet em anúncios de compra e venda. Há quem venda a R$ 500 e há quem pague.
O estatuto de sócio do Inter alerta: a condição de sócio é intransferível. Ou seja, não é permitido emprestar, trocar, vender ou alugar o direito de entrar no estádio. Diretor de administração do Inter, Décio Hartmann avisa: quem for flagrado terá o ingresso invalidado, embora a dificuldade em fiscalizar no momento da entrada ao Beira-Rio.
— Podemos tomar providências quando tivermos provas materiais. Hoje (ontem) recebemos e-mails de pessoas denunciando sócios que comercializam carteirinhas. Comunicamos: a catraca vai trancar — disse o administrador.
Em comunidades no Orkut, no entanto, a ameaça do dirigente não parece inibir a comercialização. Há casos em que torcedores desejam alugar a carteira pensando em turbinar a poupança para viajar ao Mundial, em Abu Dhabi. Um empresário da Capital diz não se incomodar com a ameaça. Prefere não ir ao jogo porque sofre com a tensão da multidão do estádio:
— Eu vendi por um valor que me garante as próximas cinco mensalidades, ou seja, R$ 250. Eu tenho o direito adquirido. Posso repassar a outros já que não vou ao estádio.
Há outra situação. Edu (pediu sigilo do sobrenome) associou seu filho ao clube há um ano e meio, quando nasceu. Como não leva o bebê ao estádio, defende "contribuir para o clube nas mensalidades do filho por livre e espontânea vontade". Por isso, segundo ele, não há nada de errado em recuperar parte deste dinheiro ao alugar a carteira por pelo menos R$ 500. Ele tem recebido inúmeras ofertas.
— Só não deixaria de ir para vender a minha: não tem preço que pagaria.
Um outro sócio que mora no Exterior também oferece seu lugar. Cobra R$ 150, e outro por R$ 1 mil. Desesperado, o engenheiro Evandro Giasson, 29 anos, morador de Goiânia (GO), vem a Porto Alegre e está disposto a pagar. Mesmo sócio, não conseguiu comprar seu ingresso pelo portal de voz do Inter.
— Chegou a confirmar a compra, mas não recebi nada e não consigo falar com ninguém no clube. Comprei a passagem, vou dormir no aeroporto para economizar e comprar o ingresso aí (na Capital). Pago qualquer coisa para ver o Inter.
O diretor de administração do Inter assegura que usar a carteira de outra pessoa se configura falsidade ideológica, mas quem está disposto a vender não teme nem perder a carteirinha e, por isso, repassam-na até para desconhecidos em troca de dinheiro.
Enquanto uns veem na final da Libertadores uma forma de ganhar dinheiro, a maioria não admite deixar de presenciar um jogo em que o Inter pode conquistar o bicampeonato. A estudante Isadora Ciconet, 16 anos, disse ter recebido sete ofertas pela carteira:
— Me ofereceram até R$ 700, mas por dinheiro nenhum deixaria de ir. Acho um absurdo quem quer ir e não vai em troca de dinheiro.
O que está acontecendo?
- Sócios que não vão ao jogo estão "alugando" as carteiras.
O "aluguel" é proibido?
- Sim. A direção considera irregular.
O que pode acontecer?
- Se flagrado, o portador pode ser barrado no jogo.
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