| 19/12/2009 05h10min
Inter e Grêmio parecem caminhar no mesmo ritmo na busca por reforços para 2010. Por enquanto, nenhum grande jogador. Muitas especulações, é verdade. Umas mais próximas do acerto do que outras, admito. Garantidas mesmo, nenhuma.
O Grêmio fala muito de Hugo e Borges, do São Paulo. Ambos têm pré-contratos assinados, mas se aparecer um clube europeu no meio do caminho até o fim do ano, adeus. O Inter cogita a volta de Rafael Sobis, agora fala-se no zagueiro Breno, ex-São Paulo, hoje no Bayern. Em resumo: conversas, tratativas, mas nada confirmado.
A dupla no mesmo ritmo rumo a 2010? Inexplicável. O Inter tem muito mais responsabilidades em 2010 do que o Grêmio. Deveria estar mais adiantado e com o dobro de
ousadia. O Inter tem Libertadores pela frente. O Grêmio tem Copa do Brasil.
O
Inter vai fechar o ano com a fortuna de R$ 40 milhões de superávit, vitaminado pela venda de Nilmar para os espanhóis do Villarreal. O Grêmio sofre com um passivo de R$ 150 milhões. Tudo bem: deste total, R$ 70 milhões estão renegociados através do Timemania, outros R$ 30 milhões são do condomínio de credores e o restante trata dos gastos para fazer o clube andar: investidores, fornecedores e afins. Não é nenhum fim do mundo, portanto.
Mas é fato: o Grêmio não tem de onde tirar dinheiro para contratar. Conversei algumas vezes esta semana com o presidente Duda Kroeff. Ouvi dele confissões sinceras. Perturbadoras, mas sinceras. Não há como ir atrás de grandes jogadores. A herança de dívidas é colossal. Hugo e Borges só estão na mira por estarem em fim de contrato e, ainda por cima, toparem parcelar luvas. Se o Grêmio tivesse que pagar algo por eles, sequer seriam cogitados.
Como precisa
repassar percentuais altos dos valores de cada jogador
vendido para abater o condomínio, sobra quase nada para contratar. Uma eventual venda de Douglas Costa por 6 milhões de euros para os ucranianos do Shakhtar, por exemplo, não mudaria em nada este quadro. Nem um centavo seria revertido em novos reforços. É o que diz o presidente, com visível pesar.
O Inter, não. Com Libertadores pela frente e R$ 40 milhões no caixa, sem contar o poder de fogo de investidores como Delcyr Sonda, a ausência de reforços importantes é inexplicável. Não haverá como justificar aos torcedores a falta de ousadia na hora de contratar nomes de qualidade incontestável. Só apostas em ano de Libertadores, com milhões no cofre é escárnio para os 102 mil sócios do clube. Não precisa sair atirando dinheiro pela janela, é claro que não. Mas o Inter é obrigado a ousar.
O que o Inter não poder é ficar só com o meia Thiago Humberto, do Barueri. Nem mesmo Ney, lateral-direito do Atlético-PR, e Wilson Mathias, volante do
Morellia, do México, estão de contrato
assinado. Isso é nada para um clube que planeja chegar ao próximo dezembro disputando o Mundial de Clubes. Promessas podem dar certo? Claro que sim. Mas também podem dar errado. Ingressar 2010 sem algum novo talento confirmado é covardia.
O Inter tem obrigação de arriscar, de ousar. O Grêmio, por força de sua realidade, não. Esta é realidade, a nua e crua realidade.
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