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 | 15/12/2009 05h10min

Quem não se enquadrar com Fossati vai sobrar

Diogo Olivier, colunista online  |  diogo.olivier@zerohora.com.br



Posso estar enganado ou enxergando além do horizonte, mas a primeira entrevista de Jorge Fossati como técnico do Inter teve endereço certo. Como o uruguaio recém chegou à Província de São Pedro só conhece seus futuros comandados de ouvir falar e de relatórios, suspeito que a direção, leia-se Fernando Carvalho, esmiuçou os problemas de vestiário que atormentaram o Inter durante o ano.

Fossati falou menos de questões táticas e mais de união, convergência, foco. A ênfase no vestiário fechado foi tal que deu para desconfiar. Repare nesta sequência de frases do novo treinador do Inter e confira se não tenho razão:

— O Inter conhece o caminho. Para ganhar a Libertadores ou qualquer outro objetivo é preciso ter unidade, qualidade, e que as diferentes partes do clube olhem para o mesmo objetivo. Estou falando da diretoria, da comissão técnica, dos jogadores.

E o recado para D'Alessandro, então, anunciado por Fossati como um jogador "muito importante"? Claro. Direto. Sem rodeios.

É óbvio que os dirigentes o municiaram dos episódios da temporada, especialmente os altos e baixos do argentino contratado para ser o centro de qualidade da equipe, mas que muitas vezes se perdeu em arroubos temperamentais e aparente desinteresse nas partidas. Sem falar na discussão com Tite no vestiário, após ser substituído na derrota para o Botafogo, ainda no primeiro turno do Brasileirão, fato nunca negado pelo ex-técnico do Inter:

— Ele tem que se concentrar um pouco mais no jogo. Tem que regular o temperamento para pensar mais na bola e no time do que em outras coisas.

Está claro: ficou um certo trauma no Beira-Rio com os problemas de vestiário ocorridos durante a temporada. Algumas derrapagens na tabela, para além da venda de Nilmar, são creditados a esta questão nas imediações da Padre Cacique. O presidente Vitorio Piffero e o vice de futebol Fernando Carvalho querem impedir novas complicações em ano de Libertadores.

Criou-se, no Inter, a ideia de que, se o treinador não tiver pulso, o grupo o engole. São jogadores experientes, rodados, com opinião forte. A alternativa Fossati tem um pouco disso também: é um treinador sem relacionamento passado algum com o time. Vai começar tudo do zero.

Depois de tantos recados para que todos andem nos eixos e se comportem em ano de Libertadores, a ordem é mais ou menos a seguinte: quem não se enquadrar, pode sobrar.

 


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