| 25/11/2009 08h09min
Outra vez Leonardo Gaciba tropeçou na prova física. Na segunda-feira, o gaúcho perdeu o escudo da Fifa depois de parar no quinto dos 10 tiros de 150m do teste em Montevidéu. Ontem, recebeu como consolo a indicação para buscar o penta no prêmio de melhor árbitro do Brasileirão. Talvez por isso, Gaciba estivesse sorridente ao conversar com ZH no meio da tarde de ontem, direto de sua academia na Capital.
Zero Hora — Você foi reprovado no teste físico e perdeu o escudo da Fifa. O que aconteceu?
Leonardo Gaciba — Não adianta. Realmente, estava precisando de descanso. Vou ganhar férias depois de 20 anos de profissão. É bom tirar um pouco da pressão psicológica. Devo ingressar no quadro especial da CBF.
ZH — Como assim?
Gaciba — É para ex-Fifa. Para
quem foi do quadro internacional e pode voltar. Ainda tenho mais um ciclo de Copa do Mundo. Teria mais uma disputa. O negócio é focar para o ano que vem.
ZH — O problema é psicológico?
Gaciba — Preciso de férias. É uma rotina muito grande. Quem já passou por esporte de alta performance sabe o que é isso. Necessito desse descanso. Minha cabeça pede um pouco de descanso. Por um lado, será positivo. Será um ano com exigência física menor, testes menores. Acredito em destino e no que está escrito. Não sou de chorar o leite derramado.
ZH — Significa ficar o ano inteiro sem apitar pela Fifa?
Gaciba — O quadro da Fifa é eleito em 1º de janeiro e a vigência é de um ano. O que pode acontecer é em outubro eu receber convite da CBF para as provas. Vou trabalhar para fazer de 2010 o melhor ano da minha vida. Tenho alguns defeitos para corrigir.
ZH —
Quais defeitos?
Gaciba — Gostaria de melhorar a sinalização, alguns
vícios. Gosto muito de ver jogos de colegas para tirar coisas positivas. E o quadro da Fifa te dá menos tempo para isso. Farei uma temporada de imersão profunda. Verão um cara muito motivado.
ZH — Mas suas temporadas são boas. É sua quinta indicação a melhor do Brasileirão.
Gaciba — Isso me consola. Minha preocupação era não ter baixa técnica. O nível, eu mantenho. Fisicamente, me considero no melhor momento da carreira. Sou o único indicado para as cinco edições do prêmio. É uma vitória bacana.
ZH — Você parece bastante tranquilo, mesmo com a perda do escudo.
Gaciba — Estou tranquilo. Minha família me recebeu muito bem. É essencial ter harmonia em casa. Tenho o conforto dos meus "alunos-amigos". São muitas coisas boas na vida para se prender a tudo. Quem faz o escudo é o homem, não o escudo que faz o homem. Não vou deixar de ser o Gaciba com
outro escudo. Como diz minha mãe, dona Janete, Gaciba não cai, se ajoelha.
ZERO HORA