| 18/05/2009 15h11min
Após 43 dias sem técnico, o Grêmio apresentou nesta segunda-feira Paulo Autuori como o novo treinador do time. Em entrevista coletiva, Autuori explicou os motivos que o fizeram retornar ao Brasil, após dois anos no Al-Rayyan, do Catar, e declarou sua preferência pelo 4-4-2.
— Um clube não pode estar refém de um profissional, ou técnico de futebol. Temos que ver a necessidade da equipe. Todos sabem que gosto do 4-4-2, é um esquema que dá mais variantes. O futebol brasileiro tem carência de laterais e meias. O 3-5-2 foi criado há muito tempo, porque o líbero chegava ao ataque. Aqui no Brasil os times jogam com três zagueiros mesmo. Mas agora preciso ver a necessidade do time do Grêmio — observou.
Confira a apresentação de Autuori em vídeo da TVCOM:
A
história e a tradição do Grêmio foram alguns dos fatores que levaram Paulo Autuori a acertar com o clube.
— Após o primeiro contato, fiz três perguntas: aonde, como e com quem. A partir daí me decidi. É o clube certo pela grandiosidade, pela história, é o momento certo para exercitar toda a minha tolerância que tive no mundo árabe. Resolvi aceitar com todo carinho esse convite. Não foi um processo fácil, pois não dependia só de mim — afirmou.
Questionado a respeito da responsabilidade de comandar o Grêmio, o técnico salientou que deixou a tranquilidade do Catar em busca de mais desafios.
— É um desafio voltar ao Brasil. Sair de uma zona de conforto total, tranquilidade, qualidade de vida, um futebol que não tem um nível competitivo como o daqui. Eu quero provar a mim mesmo que estou pronto para vir, ser questionado, chamado de burro de vez em quando.
O clube esperou 43 dias pelo treinador. Segundo ele, o risco que a direção
assumiu serve de exemplo:
— Isso é uma lição
para mim e para os jogadores. Nós temos que correr riscos. Só é vencedor quem tem a capacidade de se arriscar. Só assim atingiremos os objetivos que queremos — observou.
Perguntado sobre sua filosofia de trabalho, Autuori foi enfático: não quer que a equipe tenha a cara dele, mas a do Grêmio.
— Existem dois protagonistas no futebol: jogadores e público. Acho que o trabalho do técnico é mostrar caminho, ser líder, criar condições de jogo e só.
Ao falar da disputa de Libertadores e Brasileirão ao mesmo tempo, o treinador refutou a ideia de usar time misto em uma competição para prioriozar outra:
— Eu sou contra essa mudança radical de um jogo para outro em competições diferentes. É bom poupar jogadores que estejam mais desgastados, mas são coisas pontuais. Capacidade de sofrimento e espírito de sacrifício, isso precisa ter — disse.
Autuori acertou com o Grêmio para um trabalho a longo prazo, que englobará
também as categorias de base. Conforme o técnico, é
fundamental que o clube aposte forte na formação de atletas.
— O futebol hoje não permite você fechar os olhos para as categorias de base. Eu acredito nesse trabalho de interação. É fundamental verticalizar isso e criar um modelo de jogo que seja desenvolvido dentro do clube. Conceitualmente, o trabalho que vamos fazer é de verticalização. Vou dar minha colaboração nisso — explicou.
Após a coletiva, Autuori seguiu para comandar seu primeiro treino do Grêmio.
"É um desafio sair de uma zona de conforto total, tranquilidade, qualidade de vida, um futebol que não tem um nível competitivo como o daqui", disse Autuori. Veja mais fotos