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 | 18/05/2009 02h40min

Autuori explica o silêncio

O novo técnico chegou ontem a São Paulo e falou sobre o respeito ao Al-Rayyan

Diogo Olivier, Enviado Especial/São Paulo  |  diogo.olivier@zerohora.com.br

Já está em solo brasileiro Paulo Autuori, o homem que tem a missão de conduzir o Grêmio ao tricampeonato da América. O objeto de desejo de dirigentes, torcedores e jogadores desembarcou ontem em São Paulo com cara de sono e o jeito de vestir de sempre. Camisa de mangas compridas, calça jeans, sapato e, claro, sua marca registrada: blusa de malha, listrada, em azul e branco sobre os ombros.

Em um tom cordato, e apesar das olheiras profundas a denunciar a noite mal-dormida no voo desde o Catar, Autuori não tardou para explicar o motivo de tanto zelo pelo silêncio em mais de um mês de contato com a direção do Grêmio.

– Sempre procurei ter o maior respeito possível com o Al-Rayyan. Os árabes foram muito corretos comigo desde o início. Veja bem: o meu silêncio foi um elemento importante neste processo de liberação por parte deles – argumentou Autuori, as duas mãos unidas em concha, em frente ao balcão da TAM, à espera do cartão de embarque que o levaria ao Rio de Janeiro para passar a noite com a família, em casa.

O novo técnico do Grêmio só falará sobre o time, o contrato de dois anos, se vai ou não banir os três zagueiros em nome do 4-4-2 da sua preferência ou a necessidade de reforços no começo da tarde de hoje, no Olímpico. Pela manhã, se reúne com a direção. À tarde, mãos à obra no campo, porque tem jogo contra o Botafogo, domingo, em Porto Alegre.

Quando a porta de desembarque internacional do Aeroporto de Guarulhos se abriu e Autuori por ela atravessou empurrando o seu carrinho de bagagens via-se logo: ali estava um homem cansado. São 14 horas de viagem desde Dubai, nos Emirados Árabes, de onde ele partiu de volta para casa. Ele saiu de Doha, no Catar. Assim, compreende-se a decisão de reservar as primeiras declarações para hoje, com sua voz de trovão que, em breve, fará parte do dia-a-dia do futebol gaúcho.

Não demorou muito tempo para um torcedor do São Paulo identificá-lo. Como se sabe, juntos, são-paulinos e Autuori foram campeões da Libertadores e do Mundo em 2005, algo que o Grêmio sonha repetir este ano.

– O senhor está de volta? Para onde? – perguntou o torcedor.

– Sim. Vou para o Grêmio – respondeu Autuori com um sorriso e elegância que deve ter dado saudade em seu interlocutor.

– Ah... Bem, muito boa sorte! Nós, tricolores, gostamos muito do senhor – devolveu o são-paulino, com uma certa desilusão no olhar ao perceber que Autuori poderá ser seu inimigo na Libertadores ali adiante.

Embora impedido de falar sobre questões de ordem técnica por força do acordo encaminhado com o Grêmio para sua apresentação, Autuori deu uma dica que tem tudo para revolucionar as relações no Olímpico.

– Não haverá problema nenhum para eu falar com vocês (imprensa) no dia-a-dia. Lá, no Olímpico, é só a gente combinar e falo durante o tempo que for preciso. Respeito quem trabalha e compreendo perfeitamente a função de vocês, jornalistas – sorriu Autuori, já um tanto mais relaxado.

Paulo Autuori chegou para dar o algo mais ao Grêmio. Chegou e falou. Pouco, é verdade. Mas depois de tanto tempo em silêncio, foi o suficiente.

> Primeiras missões
Dia 24/5 – às 16h
Grêmio x Botafogo
Dia 27/5 – às 21h50min
Caracas x Grêmio

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