| 17/04/2008 15h12min
Daiane dos Santos está aliviada. A etapa de Cottbus da Copa do Mundo de Ginástica Artística, realizada na semana passada, na Alemanha, acabou com as dúvidas da ginasta gaúcha quanto à recuperação de seu tornozelo, operado em 2007.
Em outubro passado, Daiane foi obrigada a realizar uma artroscopia no pé esquerdo para tratar de uma lesão crônica. De lá para cá, foram quase seis meses sem competir. A volta aos treinamentos em período integral só ocorreu no mês passado.
– Não senti nenhuma dor no tornozelo. A gente queria ver se eu iria suportar, se iria doer ou não, e não senti nada – comemora a ginasta.
O quarto lugar obtido no solo também foi motivo de alegria. “Por pouco não fiquei em terceiro”, diz. Principalmente porque a série feita pela gaúcha em Cottbus teve nota de partida baixa. A apresentação de Pequim ainda está sendo definida.
– A série que a gente fez em Cottbus era bem mais fraca. Foi mais uma experiência. A série em Pequim vai ser outra – avisa.
As mudanças começam pela trilha sonora. A gaúcha, que tem competido ao som de “Isto aqui, o que é?”, de Ary Barroso, vai mudar de música e coreografia na Olimpíada. Por enquanto, há apenas a certeza de que a nova série terá uma nota de partida capaz de colocar a brasileira na brigar por medalhas.
– Lá por julho deve estar tudo definido – diz Daiane.
Menos pressão = melhor resultado
A competição na Alemanha comprovou também que Daiane dos Santos não é mais a número 1 da ginástica brasileira no solo. A carioca Jade Barbosa, que ganhou destaque durante os Jogos Pan-Americanos do Rio, em 2007, ficou com a medalha de prata no aparelho, atrás apenas da romena Sandra Izbasa.
O bom desempenho de Jade, no entanto, foi comemorado por Daiane. Não só pela amizade existente entre as duas colegas, que costumam passar mais tempo juntas do que com as próprias famílias. Mas também pelo fato de dividir com alguém a pressão, que acabou atrapalhando há quatro anos, em Atenas.
– Me sinto (menos pressionada), sim. Agora tem outras meninas. Não que antes não tivesse, mas agora elas estão tendo resultados mais expressivos – diz Daiane.
Além de Jade, Daine pôde observar em Cottbus outras favoritas à medalha em Pequim. Ela enumera a norte-americana Shawn Johnson, a chinesa Cheng Fei e as romenas Steliana Nistor e Izbasa. Se nenhuma surpresa acontecer, as medalhas olímpicas devem ficar entre elas.
– Todas estão muito próximas – diz a gaúcha.
Para realizar o sonho de conquistar uma medalha olímpica naquela que será sua última chance, Daiane adotou uma rotina intensa de treinamentos. São 12 horas diárias de preparação, que incluem treinos técnicos, musculação, fisioterapia, massagens e pilates (método de exercícios para a flexibilização dos músculos).
O calendário da seleção brasileira prevê ainda mais quatro competições antes da Olimpíada. São elas as etapas da Copa do Mundo na Eslovênia (25 a 27/4), China (14 a 15/5) e Rússia (27 a 30/5), além de um torneio amistoso na Itália (de 4 a 6/7). Com presença confirmada na etapa russa, Daiane espera chegar em Pequim preparada para fazer bonito.
– Eu espero que (meu desempenho) seja bom, que seja melhor do que foi em Atenas. A tendência é as coisas melhorarem – conclui Daiane.
Mais experiente e sem a pressão que sofreu em Atenas, Daiane espera por medalha em Pequim
Foto:
Júlio Cordeiro, Banco de Dados - 24/08/2004