| 19/03/2008 18h02min
Depois de um péssimo início de temporada, a Ferrari começa a mostrar insatisfação com a nova ECU (Electronic Control Unit, ou centralina, em português) da Fórmula-1. O aparelho foi desenvolvido pela McLaren Electronic Systems em parceria com a Microsoft, uma das novidades da atual temporada.
Equipamento responsável pelo controle da parte eletrônica do carro, a centralina teve de ser padronizada este ano por determinação da Federação Internacional de Automobilismo (FIA). Trata-se de um modo de a entidade ter controle de que as escuderias não irão burlar a regra que proíbe o controle de tração.
De acordo com o jornal espanhol Marca, os engenheiros da Ferrari afirmaram em Melbourne que o novo sistema é arcaico e complexo, dificultando o acesso aos dados que a escuderia necessita. Para piorar, os motores dos dois carros da equipe tiveram problemas que obrigaram Felipe Massa e Kimi Raikkonen a abandonar a corrida.
Especula-se nos bastidores que o motivo do problema não foi o design do propulsor. Além disto, o defeito com a bomba do combustível do carro de Raikkonen, que o impediu de ter um bom desempenho no treino classificatório em Melbourne, também pode estar relacionado com a centralina. Por meio da assessoria de imprensa, a própria Ferrari admite que a sua adaptação ao novo equipamento não foi tão boa.
– Esse tipo de coisa pode acontecer quando você está trabalhando com um procedimento que não conhece tão bem. Agora nós sabemos que há um conflito e temos certeza de que ele não vai acontecer de novo – declarou a escuderia.
O chefe da Ferrari, Stefano Domenicali, também sugeriu que as falhas na Austrália podem ter origem na centralina. Para ele, isto prejudica a "compreensão do sistema" pela escuderia.
– Não podemos esquecer que, com este novo padrão da centralina, nós podemos ter problemas de compreensão do sistema, bem como a forma de integrá-lo ao carro, o que ainda precisamos descobrir na totalidade – afirmou o dirigente.
Honda fala em defeito
Durante a pré-temporada, a Honda teria encontrado uma espécie de defeito na centralina, mas a informação nunca foi confirmada. Vale lembrar FIA e a McLaren Electronic Systems vão fornecer as centrais eletrônicas pelas próximas temporadas pelo menos até 2010.
FIA defende a empresa
Além dos desafios de adaptação, o fato de uma empresa do grupo McLaren controlar o sistema não foi muito bem aceito pelos times, visto que a escuderia foi condenada no ano passado por espionar segredos industriais da Ferrari. A principal entidade do automobilismo mundial nega a suspeita, alegando que a escolha foi feita porque a empresa lhe ofereceu melhor custo-benefício.
A FIA também afirma que a McLaren Electronic Systems é uma empresa independente da equipe. As duas empresas, no entanto, estão localizadas no mesmo endereço, na cidade inglesa de Woking.
GAZETA PRESS
Sede da McLaren, em Woking, fica no mesmo endereço da empresa que desenvolveu a nova centralina da F-1
Foto:
Jens Buettner
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EFE